R - D - CLAITON CESAR CZIZEWSKI.pdf - Universidade Federal do ...
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maniqueísta entre o Bem e o Mal e pela ancoragem na ideia de um amor impossível,<br />
o melodrama privilegia a emoção em detrimento da razão (Campedelli, 1987).<br />
Da mesma forma, critica-se o esquematismo, a simploriedade dramática e a<br />
pobreza temática <strong>do</strong> gênero. Comparato (1983, p.89) detecta 36 situações<br />
dramáticas recorrentes no melodrama, às quais chama de plots (enre<strong>do</strong>s ou pontos<br />
de virada), subdividin<strong>do</strong>-as em nove eixos principais:<br />
1)plot de amor: um casal que se ama é separa<strong>do</strong> por alguma razão, volta a<br />
se encontrar e tu<strong>do</strong> acaba bem;<br />
2) plot de sucesso: história de um homem que ambiciona o sucesso, com<br />
final feliz ou infeliz, de acor<strong>do</strong> com o gosto <strong>do</strong> autor;<br />
3) plot cinderela: é a metamorfose de uma personagem de acor<strong>do</strong> com os<br />
padrões sociais vigentes (...);<br />
4) plot triângulo: é o caso típico <strong>do</strong> triângulo amoroso;<br />
5) plot da volta: filho pródigo volta à casa paterna; mari<strong>do</strong> volta da guerra;<br />
6) plot vingança: um crime (ou injustiça) foi cometi<strong>do</strong> e o herói faz justiça<br />
pelas próprias mãos, ou vai em busca da verdade;<br />
7) plot conversão: converter um bandi<strong>do</strong> em herói, uma sociedade injusta<br />
em justa (...);<br />
8) plot sacrifício: um herói que se sacrifica por alguém ou por alguma coisa;<br />
9) plot família: mostra a relação entre família ou grupos.<br />
Ainda que seja possível encontrar algumas variações ou combinações nesse<br />
esquema, Campos (2011) reduz o seu significa<strong>do</strong> ao entendê-lo meramente como<br />
uma falsa ideia de variedade. Tal escassez criativa é resulta<strong>do</strong>, na opinião de<br />
Balogh (2002), da especificidade assumida pela ficção televisiva. A autora, que<br />
defende a ideia de que o conceito de ficção varia de acor<strong>do</strong> com o meio que difunde<br />
a mensagem, acredita que uma das mais importantes características <strong>do</strong> texto fictício<br />
de televisão é ―a estética da interrupção e repetição‖ (Virilio apud BALOGH, 2002, p.<br />
6.<br />
Balogh lembra que a televisão enquanto espaço de produção é sustentada<br />
pela publicidade, e que essa condição reflete-se na linguagem da televisão enquanto<br />
meio. Ao ceder parte de seu tempo aos intervalos comerciais, a mídia televisiva<br />
enquadra sua produção em uma lógica de fragmentação. No caso específico <strong>do</strong>s<br />
produtos de teledramaturgia, além de essa fragmentação implicar na divisão da<br />
história em blocos, tem-se, ainda, a fragmentação em capítulos ou episódios.<br />
A consequência dessa serialidade, segun<strong>do</strong> a autora, é a repetição. Por<br />
conta dela, as histórias de ficção obrigam-se a, constantemente, reiterar o já dito ou<br />
já mostra<strong>do</strong> para assegurar que o telespecta<strong>do</strong>r não se perca no curso da narrativa<br />
seriada. Assim, a repetição toma o lugar da originalidade e, uma vez apartada da<br />
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