17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.<br />

COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. TAMANHO DE<br />

PROPRIEDADE NÃO SUPERIOR A QUATRO MÓDULOS FISCAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo, que julgou<br />

improcedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a recorrente reitera a sua t<strong>es</strong>e inicial,<br />

rechaçando os argumentos expendidos na sentença guerreada que lhe negou o direito à aposentadoria rural.<br />

Em primeiro lugar, é dever r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na alínea “a”<br />

do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, para fins de recebimento de<br />

aposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar o<br />

efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />

benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado, em área<br />

rural não superior a 4 (qua<strong>tr</strong>o) módulos fiscais.<br />

Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />

razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei 8213/91 e, para que tal<br />

atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja<br />

indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido em<br />

condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei<br />

8.213/91.<br />

Pela análise dos autos, verifica-se que não há con<strong>tr</strong>ovérsia sobre o cumprimento de todos os requisitos para conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício pleiteado pela recorrente, senão o impedimento quanto à extensão de suas terras, que seriam d<strong>es</strong>proporcionais<br />

ao regime de economia familiar e caracterizariam, assim, um regime próprio a um empr<strong>es</strong>ário rural. O juiz a quo entendeu<br />

que a propriedade da recorrente, a fazenda Vai e Volta do Amorim, tinha, conforme depoimentos obtidos em Juízo, o<br />

tamanho de 20 alqueir<strong>es</strong>, o que, no entender do magis<strong>tr</strong>ado, seria superior ao requisitado pela legislação.<br />

Todavia, não obstante o fato de que as guias de recolhimento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR),<br />

referent<strong>es</strong> aos anos de 1991 e 1994 (fl. 24), denotem que a área total da fazenda em qu<strong>es</strong>tão não ul<strong>tr</strong>apassa o limite legal,<br />

vale d<strong>es</strong>tacar a Súmula 30 editada pela Turma Nacional da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais: “Tratando-se<br />

de demanda previdenciária, o fato de o móvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu<br />

proprietário como segurado <strong>es</strong>pecial, d<strong>es</strong>de que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia<br />

familiar”.<br />

Além disso, os elementos dos autos demons<strong>tr</strong>am que a recorrente deveras exerceu atividade rural ao longo de sua vida. A<br />

prova documental <strong>es</strong>tá consubstanciada nos documentos acostados às fls. 21, 23/30, 32/34 e 94, sendo que a prova<br />

t<strong>es</strong>temunhal corroborou satisfatoriamente as informaçõ<strong>es</strong> ali lançadas, reforçando a alegação de que a recorrente sempre<br />

laborou e morou no campo com o seu cônjuge e filhos, grande parte do tempo na Fazenda Vai e Volta do Amorim.<br />

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE A PRETENSÃO EXTERNADA NA INICIAL DESTA AÇÃO, determinando que o INSS<br />

proceda à implantação do benefício de aposentadoria rural por idade no valor de um salário mínimo, com DIB em 01/12/95<br />

(fl. 18). O benefício deverá ser implantado no prazo de <strong>tr</strong>inta dias, contados da intimação d<strong>es</strong>te julgado, devendo ser<br />

comprovado, no prazo de dez dias, após a implantação. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, corrigidas<br />

monetariamente, r<strong>es</strong>peitado o teto fixado para <strong>es</strong>te Juizado e a pr<strong>es</strong>crição quinquenal, acr<strong>es</strong>cido de juros de mora de 1%<br />

(um por cento) ao mês, d<strong>es</strong>de a citação até 30/06/2009 (data da vigência da Lei 11.960/2009), e, a partir d<strong>es</strong>sa data,<br />

aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. D<strong>es</strong>taca-se, quanto à não<br />

liquidez d<strong>es</strong>te decisum, o fato de que o réu possui maior<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> e facilidad<strong>es</strong> na elaboração dos discriminativos dos<br />

valor<strong>es</strong> em qu<strong>es</strong>tão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamento coaduna-se com o entendimento<br />

consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro.<br />

D<strong>es</strong>ta feita, após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma<br />

do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.<br />

Recurso ao qual se dá provimento. Sentença reformada.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art.<br />

55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E, NO MÉRITO, DAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

124 - 2009.50.53.000497-4/01 DOMINGAS MARIA CARRARA FORNACIARI (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO<br />

PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.53.000497-4/01

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!