17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Recorrente : DOMINGAS MARIA CARRARA FORNACIARI<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – CONDIÇÃO DE SEGURADO<br />

ESPECIAL – NÃO COMPROVAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS<br />

PRÓPRIOS FUNDAMENTOS<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por DOMINGAS MARIA CARRARA FORNACIARI con<strong>tr</strong>a a r. sentença de fls.<br />

102/104, que julgou improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade formulado na inicial.<br />

2. Segundo o juízo de origem, ap<strong>es</strong>ar da existência de início de prova material e da prova t<strong>es</strong>temunhal ter indicando que a<br />

entidade familiar sempre <strong>tr</strong>abalhou na propriedade rural, a principal fonte de renda da família eram os ganhos oriundos do<br />

bar que <strong>es</strong>ta manteve por mais de vinte anos. Regis<strong>tr</strong>ou que, enquanto o bar funcionou, a família morou no imóvel<br />

localizado em cima dele e que somente após seu fechamento em 2004 passaram a r<strong>es</strong>idir no terreno rural.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente que as t<strong>es</strong>temunhas ouvidas informaram que, em todo o período que<br />

conheceram a autora e seu cônjuge, ambos exerceram atividade rural, tendo enfatizado as t<strong>es</strong>temunhas que o bar do<br />

cônjuge da autora só funcionava nos finais de semana, significando dizer que tal circunstância não é óbice à conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício. Afirma, ainda, que a segurada <strong>es</strong>pecial pode exercer atividade rural em regime de economia familiar ou<br />

individualmente, consoante a legislação previdenciária e a jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, razão pela qual pugna pela reforma da<br />

sentença e o deferimento do pedido inicial.<br />

4. A Lei nº 8.213/91 reconhece a condição de segurado <strong>es</strong>pecial tanto ao <strong>tr</strong>abalhador rural que exerça sua atividade em<br />

regime de economia familiar, quanto àquele que a d<strong>es</strong>empenhe individualmente (art. 11, VII, da Lei nº 8.213/91). Assim,<br />

para que o <strong>tr</strong>abalhador rural se qualifique como segurado <strong>es</strong>pecial não é impr<strong>es</strong>cindível a existência de regime de economia<br />

familiar: basta que exerça a atividade rural sozinho.<br />

5. A jurisprudência dominante do STJ reconhece a qualificação do segurado <strong>es</strong>pecial m<strong>es</strong>mo quando ou<strong>tr</strong>o membro da<br />

família exerce atividade diversa da agrícola, mas r<strong>es</strong>salva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador.<br />

6. Tal entendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia<br />

familiar como sendo aquele em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido<br />

em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração.<br />

7. Sendo assim, observa-se que a circunstância de a autora e seu cônjuge terem mantido um bar na cidade, a princípio,<br />

não d<strong>es</strong>natura a condição da autora de segurada <strong>es</strong>pecial. Cabe verificar se, in casu, ficou caracterizado que o exercício de<br />

atividade rural pela autora era indispensável à sua subsistência.<br />

8. Indagada a autora sobre até quando funcionou o bar que possuíam, disse que “até a gente pagar a Inscrição foi de 82 a<br />

98, depois paramos de pagar a Inscrição porque o movimento era pouco e dava pouca gente. Mas a gente sempre<br />

con<strong>tr</strong>ibuiu, sempre teve atividade rural, porque ap<strong>es</strong>ar de que (sic), se fosse só com o bar não dava para a nossa d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a,<br />

porque o movimento era pouco; de 82 a 86, “hora em que nós panhamos” era até razoável, seria assim... até bom, depois<br />

teve aquele negócio de vender pela tabela então fomos caindo e cuidando mais da roça, plantando mais café, botando<br />

máquina para formar pasto...” (arquivo de áudio gravado no cd-room de fl. 101, referente à audiência realizada em<br />

13/05/2010).<br />

9. As <strong>tr</strong>ês t<strong>es</strong>temunhas ouvidas na audiência de ins<strong>tr</strong>ução e julgamento, ao con<strong>tr</strong>ário do que afirma a recorrente, não<br />

afirmaram que o bar só funcionava aos finais de semana: a 1ª t<strong>es</strong>temunha disse que o bar funcionava à noite e que os<br />

filhos ajudavam a tomar conta do m<strong>es</strong>mo; a 2ª t<strong>es</strong>temunha disse que o bar só funcionava de tarde, um dia ou ou<strong>tr</strong>o, e mais<br />

no final de semana; a 3ª t<strong>es</strong>temunha, por fim, disse que o bar funcionava sempre na parte da tarde, “quando el<strong>es</strong> chegavam<br />

da roça”.<br />

10. Observa-se, ainda, que o próprio <strong>es</strong>poso da autora foi aposentado d<strong>es</strong>de 2008 como comerciário, conforme documento<br />

de fl. 95, percebendo o benefício no valor de R$ 465,00 (f. 95).<br />

11. Se a autora <strong>tr</strong>abalhou no bar com o marido, e se num período significativo de tempo a renda obtida era boa, como<br />

conf<strong>es</strong>sou a obreira, tal circunstância afasta sua qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, já que o labor rural exigido para fins de<br />

obtenção do benefício previdenciário é aquele em que o <strong>tr</strong>abalho no campo seja indispensável à própria subsistência, o que<br />

não r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado nos autos.<br />

12. Sendo assim, por análise do conjunto probatório constante dos autos, verifica-se que a autora não preenche os<br />

requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

13. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

14. Recurso conhecido e improvido.<br />

15. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da<br />

assistência judiciária gratuita (fl. 83).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!