boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Vale regis<strong>tr</strong>ar ainda que, em situaçõ<strong>es</strong> análogas à dos autos, e. STJ pacificou entendimento no sentido de ser inviável impor<br />
ao beneficiário a reposição das verbas, se configurada sua boa-fé. Colacionam-se os julgados: “AGRAVO REGIMENTAL.<br />
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. VALORES<br />
RECEBIDOS EM VIRTUDE DE SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. AÇÃO RESCISÓRIA. DEVOLUÇÃO.<br />
IMPOSSIBILIDADE. 1. Tendo em vista seu caráter alimentar, é incabível a devolução de benefícios previdenciários<br />
recebidos de boa-fé por força de decisão <strong>tr</strong>ansitada em julgado que, posteriormente, nos autos de ação r<strong>es</strong>cisória, é<br />
d<strong>es</strong>constituída. Precedent<strong>es</strong>. 2. Agravo regimental improvido”. STJ – ADRESP – AGRAVO REGIMENTAL NOS<br />
EMBARGOS DECLARATÓRIOS NO RECURSO ESPECIAL 701075, Minis<strong>tr</strong>a MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ<br />
20.10.2008). “PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.<br />
DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL POSTERIORMENTE MODIFICADA.<br />
DISPENSA. 1. Em face da boa-fé do segurado que recebeu o aumento do valor do seu benefício por força de decisão<br />
judicial, bem como em virtude do caráter alimentar d<strong>es</strong>sa verba, mos<strong>tr</strong>a-se inviável impor ao beneficiário a r<strong>es</strong>tituição das<br />
diferenças recebidas, por haver a decisão sido reformada ou por ou<strong>tr</strong>a razão perdido a sua eficácia. 2. Agravo regimental<br />
d<strong>es</strong>provido”. (STJ – ADRESP – AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL<br />
1035639, Minis<strong>tr</strong>o NAPOLÃO NUNES MAIA FILHO, DJ 25.08.2008).<br />
In casu, é inegável a boa-fé da recorrida, motivo pelo qual não vejo como impor a <strong>es</strong>ta a devolução dos valor<strong>es</strong> recebidos<br />
indevidamente mediante o d<strong>es</strong>conto direto em sua remuneração.<br />
D<strong>es</strong>sa forma, tendo o pagamento efetuado a maior sido ocasionado por erro exclusivo da Adminis<strong>tr</strong>ação Público e devido<br />
ao fato de recorrida haver percebido tais valor<strong>es</strong> de boa-fé, já que, conforme demons<strong>tr</strong>ado, nos autos, a revisão partiu de<br />
iniciativa da entidade pública, e dada a natureza alimentar do crédito recebido, não deve haver r<strong>es</strong>sarcimento dos valor<strong>es</strong><br />
indevidamente pagos ant<strong>es</strong> de efetuada a revisão.<br />
A verossimilhança da alegação <strong>es</strong>tá manif<strong>es</strong>ta no que já foi exposto. O perigo da demora <strong>es</strong>tá caracterizado em face do<br />
caráter alimentar da remuneração sobre a qual incidiram os d<strong>es</strong>contos, cuja redução compromete a própria subsistência da<br />
parte recorrida. Diante d<strong>es</strong>se quadro, não há que se falar em suspender os efeitos da sentença guerreada até o seu <strong>tr</strong>ânsito<br />
em julgado, uma vez que ficou demons<strong>tr</strong>ada, nos autos, a coexistência dos pr<strong>es</strong>supostos legais autorizador<strong>es</strong> da liminar<br />
concedida.<br />
Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />
Sem custas, na forma da lei. Condeno a recorrente em honorários advocatícios que fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais),<br />
com fulcro no art. 20, §4º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />
forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
106 - 2007.50.51.000439-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE<br />
MORAES SENTO-SÉ REIS.) x CARLOS BORGES DO NASCIMENTO (ADVOGADO: ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA,<br />
EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2007.50.51.000439-0/01<br />
Recorrent<strong>es</strong> : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />
Recorridos : CARLOS BORGES DO NASCIMENTO<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – CONVERSÃO DE PERÍODO<br />
TRABALHADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS - EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS – LAUDO TÉCNICO EM<br />
DESCONFORMIDADE COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR – IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO APÓS 28/05/1998 –<br />
MATÉRIAS NÃO ABORDADAS EM CONTESTAÇÃO – INOVAÇÃO – RECURSO NÃO CONHECIDO.<br />
1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL con<strong>tr</strong>a a sentença que<br />
julgou procedente o pedido formulado na exordial.<br />
2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o INSS que a sentença considerou o Perfil Profissiográfico Previdenciário e laudos