17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER SEGURANÇA, na forma da ementa constante dos<br />

autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

83 - 2008.50.51.001721-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda<br />

Aleodim Campos.) x MARIA RITA DA SILVA (ADVOGADO: JOSE LUCIO DE ASSIS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.51.001721-1/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS<br />

Recorrido : MARIA RITA DA SILVA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – QUALIDADE DE SEGURADO VERIFICADA À<br />

ÉPOCA DO ÓBITO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava o benefício da pensão por morte. Alega a recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, na data do óbito, a parte recorrida já não se encon<strong>tr</strong>ava mais na qualidade de dependente do<br />

de cujus, e, portanto, deve ser rechaçado seu pedido de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Não obstante, alega que, caso<br />

sejam julgados procedent<strong>es</strong> os pedidos do autor, a matéria fica d<strong>es</strong>de já prequ<strong>es</strong>tionada para fins recursais, requerendo<br />

expr<strong>es</strong>sa manif<strong>es</strong>tação quanto à violação de dispositivos como o art. 16, §3º, e 76, §2º, da Lei 8.213/91 e 143 do Decreto<br />

3.048/99.<br />

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, a<br />

contar da data do óbito ou da decisão judicial, em caso de morte pr<strong>es</strong>umida (art. 74 da Lei 8.213/91, em sua redação<br />

anterior à modificação in<strong>tr</strong>oduzida pela Lei 9.528/97). Com efeito, a sua conc<strong>es</strong>são não exige o recolhimento de número<br />

mínimo de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão<br />

<strong>es</strong>teja filiado à Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. R<strong>es</strong>salta-se que a carência e qualidade de<br />

segurado são institutos distintos e independent<strong>es</strong>; o fato de a carência não ser nec<strong>es</strong>sária, não impede que se exija a<br />

qualidade de segurado como requisito para a pensão por morte.<br />

O art. 16 da Lei n. 8.213/91 <strong>tr</strong>az um rol de dependent<strong>es</strong> do segurado: o cônjuge; a companheira; o companheiro; o filho não<br />

emancipado (de qualquer condição) menor de 21 anos ou inválido; os pais; e o irmão não emancipado (de qualquer<br />

condição) menor de 21 anos ou inválido. Regis<strong>tr</strong>e que, conforme dita o §4º d<strong>es</strong>se dispositivo legal, a dependência<br />

econômica é pr<strong>es</strong>umida para o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado (de qualquer condição)<br />

menor de 21 anos ou inválido.<br />

A teor do art. 226, parágrafo 3º da Constituição <strong>Federal</strong>, a convivência more uxorio é equiparada à união <strong>es</strong>tável como<br />

entidade familiar, sendo que a união <strong>es</strong>tável, para r<strong>es</strong>tar configurada, deve cumprir os fins previstos em tal dispositivo legal,<br />

bastando que os convivent<strong>es</strong> <strong>es</strong>tejam unidos com o objetivo de constituir família.<br />

R<strong>es</strong>salta-se, a priori, que o requisito da qualidade de segurado do falecido é incon<strong>tr</strong>overso n<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, girando o cerne da<br />

demanda tão-somente sobre a permanência da união <strong>es</strong>tável da autora com o segurado finado na época do falecimento<br />

d<strong>es</strong>te.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se que a Lei n. 8.213/91 não <strong>es</strong>tabelece qualquer r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição à prova da dependência econômica ou do<br />

companheirismo. R<strong>es</strong>ta claro que tal companheirismo deve ser comprovado, mas a Lei em momento algum veda a prova<br />

exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal ou exige início de prova material. D<strong>es</strong>tarte, é ilegal a exigência <strong>es</strong>tabelecida pelo INSS a<strong>tr</strong>avés<br />

do Decreto nº 3.048/99 (art. 22, §3º - exigência de pelo menos <strong>tr</strong>ês provas documentais), uma vez que tal norma não<br />

constitui veículo normativo adequado para instituição de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> a direitos, mas, tão-somente, para execução do<br />

conteúdo da Lei.<br />

O início razoável de prova material se consubstanciou nos seguint<strong>es</strong> documentos acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos: duas<br />

certidõ<strong>es</strong> de nascimento de filhos em comum (fls. 12 e 13) e proposta de filiação a sindicato rural, datada em 1977, em que<br />

há menção da autora como cônjuge do segurado falecido (fl. 14). Pela análise d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> documentos, pode-se licitamente<br />

concluir que r<strong>es</strong>tou comprovada a existência de companheirismo e dependência econômica (pr<strong>es</strong>umida) en<strong>tr</strong>e a parte<br />

recorrida e o de cujus.<br />

Pugna o INSS pela c<strong>es</strong>sação da união <strong>es</strong>tável <strong>tr</strong>avada en<strong>tr</strong>e a parte autora e o segurado falecido com fundamento único na<br />

diversidade de endereços en<strong>tr</strong>e <strong>es</strong>t<strong>es</strong>, isto é, pr<strong>es</strong>ume que tal união c<strong>es</strong>sou, pois o óbito do segurado ocorreu em Viana/ES,<br />

o benefício de aposentadoria do segurado <strong>es</strong>tava sendo pago pela agência de Pr<strong>es</strong>idente Kennedy/ES e o endereço<br />

declarado pela autora, na época, era em Guaçuí/ES. Ainda que <strong>es</strong>sas alegaçõ<strong>es</strong>, de per si, não possuem a robustez<br />

nec<strong>es</strong>sária para que se afirme solidamente a c<strong>es</strong>sação da união analisada, tal miscelânea de logradouros foi ampla e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!