boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
audiência anteriormente d<strong>es</strong>ignada para <strong>es</strong>te fim.<br />
3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente que existia nos autos documentos que serviam como início de prova<br />
material, que seria complementada pela oitiva de t<strong>es</strong>temunhas, cuja impossibilidade cerceou seu direito de def<strong>es</strong>a,<br />
ensejando a nulidade da sentença.<br />
4. O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza como<br />
cerceamento de def<strong>es</strong>a, principalmente quando se mos<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária à elucidação do caso concreto.<br />
5. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, observa-se que a certidão de casamento de fl. 15, embora emitida em março de 2008, indica que<br />
o ma<strong>tr</strong>imônio foi celebrado em 24 de setembro de 1977 e que o cônjuge da autora exercia a profissão de lavrador. Além<br />
disso, a ficha de avaliação do filho da demandante, devidamente por ela assinada (vide fl. 33 e 33-vº), refere-se ao ano de<br />
1986 e at<strong>es</strong>ta que o endereço do aluno é a Fazenda Guanabara.<br />
6. Há nos autos, portanto, início de prova material suficiente a demons<strong>tr</strong>ar o exercício de atividade rural da autora, cuja<br />
eficácia probatória poderia ter sido ampliada pela prova t<strong>es</strong>temunhal que a parte autora pretendia produzir, razão pela qual<br />
se conclui que o julgamento imediato do proc<strong>es</strong>so cerceou o direito de produzir prova capaz de influenciar no r<strong>es</strong>ultado da<br />
ação.<br />
7. Recurso conhecido e provido, anulando-se a r. sentença de origem para determinar a reabertura da ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual<br />
e a oitiva de t<strong>es</strong>temunhas da parte autora.<br />
8. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO<br />
na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
130 - 2006.50.51.000297-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERICK TAVARES<br />
RIBEIRO.) x NARZIRA ALVES BATISTA (ADVOGADO: URBANO LEAL PEREIRA, JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, JOSÉ<br />
NASCIMENTO.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.51.000297-1/01<br />
Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />
Recorrido : NARZIRA ALVES BATISTA<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.<br />
COMPROVAÇÃO. EXERCÍCIO DE TRABALHO URBANO POR CURTO PERÍODO. INOVAÇÃO EM SEDE RECURSAL.<br />
VEDAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia ré, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo que<br />
julgou procedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o recorrente que a<br />
recorrida não preenche os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado, pois não há prova documental<br />
contemporânea às atividad<strong>es</strong> rurais a demons<strong>tr</strong>ar a atividade durante o período de carência. Não obstante, r<strong>es</strong>salta que<br />
existem provas cabais e irrefutáveis de que a autora laborou em atividad<strong>es</strong> urbanas por longo período de tempo, perdendo,<br />
d<strong>es</strong>tarte, a condição de segurada <strong>es</strong>pecial. Na oportunidade, requer a rem<strong>es</strong>sa dos autos ao Ministério Público, por<br />
acreditar que houve o cometimento de crime de falso t<strong>es</strong>temunho no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />
De fato, para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é impr<strong>es</strong>cindível que se comprove o exercício de<br />
atividad<strong>es</strong> por período equivalente à carência <strong>es</strong>tabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe o número de<br />
m<strong>es</strong><strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sários para que o <strong>tr</strong>abalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado <strong>es</strong>pecial o<br />
produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividad<strong>es</strong>, individualmente ou em regime de<br />
economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para a<br />
comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).<br />
Na verdade, para comprovar a condição de <strong>tr</strong>abalhador rural, não é nec<strong>es</strong>sária a apr<strong>es</strong>entação de prova documental<br />
robusta. Basta que o segurado apr<strong>es</strong>ente início razoável de prova material, contemporânea aos fatos que se pretende<br />
provar, apta a ser corroborada por prova t<strong>es</strong>temunhal, consoante o disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. O que é<br />
inadmissível é que a comprovação do tempo de serviço seja por prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal.<br />
Regis<strong>tr</strong>e-se que, nos termos do Enunciado 14 da TNU, a prova material não nec<strong>es</strong>sita se referir a todo o período de<br />
<strong>tr</strong>abalho na roça, d<strong>es</strong>de que contemporânea ao período que se provar (Enunciado 34 da TNU).<br />
A apr<strong>es</strong>entação de prova documental mínima, nec<strong>es</strong>sária ao d<strong>es</strong>linde do feito, foi cumprida com a apr<strong>es</strong>entação dos