17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Recorridos : HERDEIROS DE NORMA BAQUETE FABRIS<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL SUFICIENTES PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO – RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 103/104, que julgou<br />

procedente o pleito autoral, de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais,<br />

que somente a prova t<strong>es</strong>temunhal não pode comprovar o <strong>tr</strong>abalho rural da autora. Ademais, alega que não foi comprovada<br />

a carência para a obtenção do benefício e que o tamanho da terra tem relevância para d<strong>es</strong>caracterizar a qualidade de<br />

segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

2. Em primeiro lugar, deve-se r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na alínea “a”<br />

do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, para fins de recebimento de<br />

aposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar o<br />

efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />

benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />

razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91 e, para que tal<br />

atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja<br />

indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido em<br />

condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei<br />

8.213/91.<br />

4. Verifica-se, no pr<strong>es</strong>ente caso, que foi acertada a decisão contida na sentença proferida pelo juiz a quo. Os documentos<br />

de fls. 17 e 24/28-v dos autos têm o condão de servir como início de prova material para fins de conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

requerido. A certidão de casamento (fl. 17), datada de 1970, por seu turno, na qual consta como profissão do cônjuge da<br />

autora a de lavrador, tem força probatória para o fim acima mencionado, haja vista que a Súmula 06 da Turma Nacional de<br />

Uniformização dos Juizados Especiais Federais dispõe que “a certidão de casamento ou ou<strong>tr</strong>o documento idôneo que<br />

evidencie a condição de <strong>tr</strong>abalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícula”.<br />

5. O con<strong>tr</strong>ato de comodato de fls. 28/28-v também constitui documento hábil a constatar o início razoável de prova material<br />

requerido pela legislação previdenciária, de forma que r<strong>es</strong>ta comprovado o exercício de atividade rural pela recorrida e a<br />

carência nec<strong>es</strong>sária à obtenção do benefício de aposentadoria rural por idade. Vale enfatizar que a prova t<strong>es</strong>temunhal (a<br />

qual não foi a única produzida nos autos, conforme explanado acima) foi uníssona ao confirmar o labor rural da autora, a<br />

qual <strong>tr</strong>abalhava com os filhos em sua propriedade.<br />

6. Quanto ao tamanho da propriedade da autora, vale <strong>tr</strong>azer aos autos a Súmula 30 da Turma Nacional de Uniformização,<br />

segundo a qual, “<strong>tr</strong>atando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si<br />

só, a qualificação de seu proprietário como segurado <strong>es</strong>pecial, d<strong>es</strong>de que comprovada, nos autos, a sua exploração em<br />

regime de economia familiar”.<br />

7. A grande extensão da propriedade, que ocasionou o enquadramento denominado “empregador rural II-B” nos ITR’s de<br />

fls. 22/23, por si só, não afasta a qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial da parte autora, haja vista ter sido comprovado (pelos<br />

documentos de fls. 17, 28/28-v, 76, 78, 86 e 89 e pelas provas colhidas em audiência) que <strong>es</strong>ta exercia as suas atividad<strong>es</strong><br />

rurais em regime de economia familiar e pelo fato de o Decreto-Lei 1.166/71, artigo 1º, II, “b”, não retirar do empregador<br />

rural a qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, na medida em que, sob o regime de economia familiar, explore imóvel rural que lhe<br />

absorva toda a força de <strong>tr</strong>abalho e lhe garanta a subsistência.<br />

8. Sendo assim, verifica-se que os herdeiros da autora fazem jus ao pagamento dos valor<strong>es</strong> a<strong>tr</strong>asados, a título de<br />

aposentadoria rural por idade.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Sem condenação em custas proc<strong>es</strong>suais, na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários<br />

advocatícios no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, com fundamento no artigo 55 da Lei<br />

9.099/95 e no artigo 20, § 3ºn do CPC.<br />

ACÓRDÃO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!