boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ACÓRDÃO<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E CONCEDER-LHE PROVIMENTO, na<br />
forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
126 - 2009.50.54.000232-9/01 GENILDA NOGUEIRA TORRES DE CARVALHO (ADVOGADO: FABIANO ODILON DE<br />
BESSA LURETT, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />
SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.54.000232-9/01<br />
Recorrente : GENILDA NOGUEIRA TORRES DE CARVALHO<br />
Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – ATIVIDADE RURAL NÃO<br />
INDISPENSÁVEL À SUBSISTÊNCIA DO SEGURADO ESPECIAL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS<br />
1. Trata-se de recurso inominado interposto por GENILDA NOGUEIRA TORRES DE CARVALHO con<strong>tr</strong>a a r. sentença de<br />
fls. 61/64, que julgou improcedente o pedido inicial.<br />
2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, argúi a recorrente, preliminarmente, a nulidade da sentença, por cerceio de def<strong>es</strong>a, em razão<br />
do indeferimento da produção de prova t<strong>es</strong>temunhal. No mérito, alega que a atividade urbana d<strong>es</strong>envolvida por seu<br />
cônjuge não proporciona rendimento suficiente para manter a família, razão pela qual era nec<strong>es</strong>sária a atividade rural, que<br />
também era d<strong>es</strong>empenhada pelo cônjuge da recorrente quando não <strong>es</strong>tava viajando. Afirma que a circunstância de seu<br />
cônjuge ter se aposentado como comerciário não d<strong>es</strong>caracteriza a existência do regime de economia familiar, já que a lei<br />
também admite, para tanto, o exercício da atividade rural individualmente.<br />
3. O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza como<br />
cerceamento de def<strong>es</strong>a, principalmente quando se mos<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária à elucidação do caso concreto. Preliminar<br />
rejeitada.<br />
3. A Lei nº 8.213/91 reconhece a condição de segurado <strong>es</strong>pecial tanto ao <strong>tr</strong>abalhador rural que exerça sua atividade em<br />
regime de economia familiar, quanto àquele que a d<strong>es</strong>empenhe individualmente (art. 11, VII, da Lei nº 8.213/91). Assim,<br />
para que o <strong>tr</strong>abalhador rural se qualifique como segurado <strong>es</strong>pecial não é impr<strong>es</strong>cindível a existência de regime de economia<br />
familiar: basta que exerça a atividade rural sozinho.<br />
4. A jurisprudência dominante do STJ reconhece a qualificação do segurado <strong>es</strong>pecial m<strong>es</strong>mo quando ou<strong>tr</strong>o membro da<br />
família exerce atividade diversa da agrícola, mas r<strong>es</strong>salva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a<br />
subsistência do <strong>tr</strong>abalhador.<br />
5. Tal entendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia<br />
familiar como sendo aquele em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido<br />
em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração.<br />
6. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, todavia, o cônjuge da autora aposentou-se como comerciário, em 2008, com renda mensal no<br />
valor de R$ 1.172,40 (fl. 52), circunstância que autoriza concluir que sempre percebeu renda suficiente à manutenção da<br />
família, r<strong>es</strong>tando demons<strong>tr</strong>ado que o <strong>tr</strong>abalho da autora não era <strong>es</strong>sencial à sua subsistência ou à subsistência do núcleo<br />
familiar.<br />
7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />
subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />
8. Recurso conhecido e improvido.<br />
9. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da assistência<br />
judiciária gratuita (fl.100).<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />
INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator