17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

Recorrido : MARLI MATEUS MAXIMIANO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE SEGURADO –<br />

DESEMPREGO RECONHECIDO EM DECORRÊNCIA DA AUSÊNCIA DE REGISTRO DE NOVAS CONTRIBUIÇÕES NO<br />

CNIS E DE REGISTROS NA CTPS - ENTENDIMENTO POSTERIOR CONSOLIDADO PELO STJ NO JULGAMENTO DA<br />

PET 7115/PR EM SENTIDO CONTRÁRIO – MANIFESTO CERCEAMENTO DE DEFESA - SENTENÇA ANULADA DE<br />

OFÍCIO – RECURSO INOMINADO PREJUDICADO.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente o pedido<br />

autoral, determinando a implantação do benefício previdenciário pensão por morte. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que, no caso, em apertada sínt<strong>es</strong>e, não há a satisfação de todos os requisitos para a percepção do benefício<br />

guerreado, pois a parte autora não mais ostenta a qualidade de segurado à época do pleito em sede adminis<strong>tr</strong>ativa, vez que<br />

a mera ausência de vínculos no CNIS é equivalente à ausência de anotaçõ<strong>es</strong> na CTPS, e <strong>es</strong>se fato não serve como prova<br />

de d<strong>es</strong>emprego, de modo que não se aplica a prorrogação do período de graça invocado pelo julgado. Suscita, na<br />

oportunidade, a aplicação da Lei n. 11.960/2009 quanto à fixação dos juros moratórios.<br />

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, a<br />

contar da data do óbito ou da decisão judicial, em caso de morte pr<strong>es</strong>umida (art. 74 da Lei 8.213/91, em sua redação<br />

anterior à modificação in<strong>tr</strong>oduzida pela Lei 9.528/97). Com efeito, a sua conc<strong>es</strong>são não exige o recolhimento de número<br />

mínimo de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão<br />

<strong>es</strong>teja filiado à Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. R<strong>es</strong>salta-se que a carência e qualidade de<br />

segurado são institutos distintos e independent<strong>es</strong>; o fato de a carência não ser nec<strong>es</strong>sária, não impede que se exija a<br />

qualidade de segurado como requisito para a pensão por morte.<br />

O segurado que deixa de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social mantém <strong>es</strong>sa qualidade até 12<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> depois da c<strong>es</strong>sação das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (art.15, II, Lei nº 8.213/91). A perda da qualidade de segurado ocorre no dia<br />

seguinte ao do término do prazo fixado para o recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição referente ao mês imediatamente posterior ao do<br />

final do prazo <strong>es</strong>tipulado pelo inciso II, do art.15, da Lei nº 8.213/91.<br />

Em relação à manutenção da qualidade de segurado, o art. 15, §2º, da Lei 8.213/91 <strong>es</strong>tabelece que “Os prazos do inciso II<br />

ou do parágrafo primeiro serão acr<strong>es</strong>cidos de 12 m<strong>es</strong><strong>es</strong> para o segurado d<strong>es</strong>empregado, d<strong>es</strong>de que comprovada <strong>es</strong>sa<br />

situação pelo regis<strong>tr</strong>o no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social’’.<br />

A sentença adotou entendimento jurisprudencial no sentido de que, não obstante a literalidade do texto legal, a<br />

jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia é pacífica em assinalar que a comprovação do d<strong>es</strong>emprego – que autoriza a prorrogação da qualidade<br />

de segurado –, não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ita ao r<strong>es</strong>pectivo regis<strong>tr</strong>o junto ao órgão competente do Ministério do Trabalho, podendo a<br />

condição de d<strong>es</strong>empregado ser provada pelas anotaçõ<strong>es</strong> da CTPS.<br />

Esse entendimento, embora não se possa qualificar de majoritário, era francamente admitido por parte da jurisprudência e<br />

no âmbito da própria TNU, tanto assim que foi editada a súmula n. 27, com o seguinte teor: “A ausência de regis<strong>tr</strong>o em<br />

órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do d<strong>es</strong>emprego por ou<strong>tr</strong>os meios admitidos em Direito”.<br />

A qu<strong>es</strong>tão era con<strong>tr</strong>overtida no âmbito do próprio STJ, vez que, enquanto a 6ª Turma decidia firmemente no sentido da<br />

obrigatoriedade do regis<strong>tr</strong>o no órgão do MTPS (STJ, 6ª Turma, AGRDRESP 200200638697, Rel. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, DJE 06.10.2008: “Para se beneficiar do acréscimo elencado no § 2º do citado dispositivo, que acr<strong>es</strong>centa 12 (doze)<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> ao mencionado período, é indispensável que o segurado comprove sua situação de d<strong>es</strong>emprego perante órgão<br />

próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.”), a 5ª Turma, por ou<strong>tr</strong>o lado, passou a adotar o teor da súmula<br />

27 da TNU (STJ, 5ª Turma, RESP 922283, Rel. Arnaldo Estev<strong>es</strong> Lima, DJE 02.02.2009: “‘A ausência de regis<strong>tr</strong>o em órgão<br />

do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do d<strong>es</strong>emprego por ou<strong>tr</strong>os meios admitidos em Direito’ (Súmula<br />

27/TNU)”).<br />

A qu<strong>es</strong>tão, todavia, foi recentemente submetida ao STJ que, por meio da 3ª Seção (reunindo as 5ª e 6ª Turmas do STJ,<br />

com competência em matéria previdenciária), enfrentando incidente de uniformização nos autos da Petição 7115 / PR,<br />

reafirmou, em 10.03.2010, que o regis<strong>tr</strong>o em qu<strong>es</strong>tão realmente não deve ser tido como o único meio de prova da condição<br />

de d<strong>es</strong>empregado do segurado, considerando que, no âmbito judicial, prevalece o livre convencimento motivado e não o<br />

sistema de tarifação legal de provas. Por ou<strong>tr</strong>o lado, assentou que a mera ausência de anotação laboral na CTPS do<br />

<strong>tr</strong>abalhador não é suficiente para comprovar a situação de d<strong>es</strong>emprego, devendo haver ampla produção de provas para sua<br />

demons<strong>tr</strong>ação.<br />

Transcreve-se o teor do referido acórdão: “PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO<br />

DE LEI FEDERAL. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. ART. 15 DA LEI 8.213/91. CONDIÇÃO DE<br />

DESEMPREGADO. DISPENSA DO REGISTRO PERANTE O MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL<br />

QUANDO FOR COMPROVADA A SITUAÇÃO DE DESEMPREGO POR OUTRAS PROVAS CONSTANTES DOS AUTOS.<br />

PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. O REGISTRO NA CTPS DA DATA DA SAÍDA DO<br />

REQUERIDO NO EMPREGO E A AUSÊNCIA DE REGISTROS POSTERIORES NÃO SÃO SUFICIENTES PARA<br />

COMPROVAR A CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DO INSS PROVIDO. 1. O art. 15<br />

da Lei 8.213/91 elenca as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que há a prorrogação da qualidade de segurado, independentemente do<br />

recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias. 2. No que diz r<strong>es</strong>peito à hipót<strong>es</strong>e sob análise, em que o requerido alega ter<br />

deixado de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social, incide a disposição do inciso II e dos §§ 1o. e<br />

2º. do citado art. 15 de que é mantida a qualidade de segurado nos 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong> após a c<strong>es</strong>sação das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>,<br />

podendo ser prorrogado por mais 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong> se comprovada a situação por meio de regis<strong>tr</strong>o no órgão próprio do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!