17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

82 - 2004.50.50.007304-2/01 RONALDO RODRIGUES BRAGA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL, GUSTAVO DE<br />

ALMEIDA RIBEIRO.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.) x Juizo <strong>Federal</strong> do 1º<br />

Juizado Especial <strong>Federal</strong> Do E.S..<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

JUSTIÇA FEDERAL<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo<br />

Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2004.50.50.007304-2/01<br />

Impe<strong>tr</strong>ante : RONALDO RODRIGUES BRAGA<br />

Impe<strong>tr</strong>ados : JUIZ FEDERAL DO 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE<br />

VITÓRIA/ES e CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO JUDICIAL JULGANDO EXTINTA AÇÃO SEM A RESOLUÇÃO DO MÉRITO –<br />

NÃO VERIFICADA INÉRCIA DA PARTE AUTORA – VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA, AO CONTRADITÓRIO E AO DEVIDO<br />

PROCESSO LEGAL - CONCESSÃO DA SEGURANÇA PLEITEADA.<br />

1. Trata-se de Mandado de Segurança impe<strong>tr</strong>ado por RONALDO RODRIGUES BRAGA con<strong>tr</strong>a ato jurisdicional do Juiz<br />

<strong>Federal</strong> do 1º Juizado Especial <strong>Federal</strong> d<strong>es</strong>ta SJES, e ainda em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL- CAIXA, na<br />

qualidade litisconsorte. O ato acoimado de ilegal consiste no pronunciamento do magis<strong>tr</strong>ado extinguindo o proc<strong>es</strong>so de n.<br />

2004.50.50.007304-2, sob a alegação de que a parte autora teria abandonado o feito. Pugna para que seja dado<br />

prosseguimento à referida ação, com a intimação da parte autora para manif<strong>es</strong>tar-se quanto ao acordo proposto pela<br />

instituição bancária impe<strong>tr</strong>ada.<br />

2. Sustenta o impe<strong>tr</strong>ante que a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA propôs acordo nos autos do proc<strong>es</strong>so<br />

supramencionado, porém a intimação para que a parte autora se manif<strong>es</strong>tasse foi enviada para endereço diverso daquele<br />

declinado na peça v<strong>es</strong>tibular, motivo pelo qual o magis<strong>tr</strong>ado, sob a alegação de abandono do feito, extinguiu o proc<strong>es</strong>so<br />

sem a r<strong>es</strong>olução do mérito.<br />

3. Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que, nos termos do art. 5º da Lei n. 10.259/2001, no âmbito dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, não se admite interposição de recurso para impugnar sentença que extinguiu o feito sem a r<strong>es</strong>olução do mérito.<br />

Na linha de tal preceito, a Turma Recursal d<strong>es</strong>ta Seção Judiciária chegou a editar o Enunciado n. 12, que assim dispunha:<br />

“Em sede de Juizados Especiais Federais não se admite recurso de sentença que extinguiu o feito sem julgamento de<br />

mérito”. Todavia, <strong>es</strong>te r<strong>es</strong>tou cancelado na s<strong>es</strong>são do dia 14.04.2009.<br />

4. Não obstante, o art. 5º da Lei n. 1.533/51, vigente à época da propositura da ação, <strong>es</strong>tabelecia que era inadmissível<br />

mandado de segurança quando se <strong>tr</strong>atasse de d<strong>es</strong>pacho ou decisão judicial, quando houv<strong>es</strong>se recurso previsto nas leis<br />

proc<strong>es</strong>suais.<br />

5. D<strong>es</strong>sa forma, não se pode afirmar que o mandamus foi utilizado, no caso, como sucedâneo recursal, motivo pelo qual<br />

passo a apreciar a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação mandamental, m<strong>es</strong>mo porque a Constituição da República,<br />

em seu art. 5º, XXXV, dispõe que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário l<strong>es</strong>ão ou ameaça a direito”. É com<br />

<strong>es</strong>sa hipót<strong>es</strong>e – possibilidade de l<strong>es</strong>ão a direito – que ora me deparo, e, por consequência, admito o pr<strong>es</strong>ente mandado de<br />

segurança como via recursal de decisão judicial.<br />

6. Compulsando os autos, verifico que, deveras, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA, em 19.08.2006, apr<strong>es</strong>entou<br />

proposta de acordo (fl. 46) e foi dada vista à Defensoria Pública da União para manif<strong>es</strong>tar-se, todavia <strong>es</strong>ta peticionou<br />

informando que não havia conseguido contatar a parte inter<strong>es</strong>sada, ora impe<strong>tr</strong>ante (fls. 48/49), motivo pelo qual o<br />

magis<strong>tr</strong>ado determinou sua intimação por meio do serviço postal (fl. 52), a qual não logrou êxito, considerando que o<br />

endereço <strong>es</strong>tava errado. Assim, houve extinção do feito sem a r<strong>es</strong>olução de mérito, com base no art. 267, III, do CPC.<br />

7. Com efeito, o documento acostado à fl. 22 torna patente a alegação de que a comunicação pelo serviço postal foi<br />

endereçada equivocadamente, o que foi reconhecido inclusive pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong> em sua manif<strong>es</strong>tação,<br />

quando opinou pela segurança pleiteada n<strong>es</strong>ta ação.<br />

8. O vício na intimação, portanto, maculou o princípio da ampla def<strong>es</strong>a e do con<strong>tr</strong>aditório, como também do devido proc<strong>es</strong>so<br />

legal, posto que, ao con<strong>tr</strong>ário do que revelado no ato impugnado, não houve inércia manif<strong>es</strong>tada da parte autora com<br />

relação ao prosseguimento do feito.<br />

9. Vale apontar que se reputam válidas as intimaçõ<strong>es</strong> realizadas no endereço constante dos autos (art. 238, parágrafo<br />

único, do CPC), sendo que não há como se pr<strong>es</strong>cindir da observância das formalidad<strong>es</strong> legais, em consonância com os<br />

princípios do devido proc<strong>es</strong>so legal e do con<strong>tr</strong>aditório e da ampla def<strong>es</strong>a, positivados no art. 5.º, LIV e LV, da CR/88.<br />

10. Ante o exposto, impõe-se a conc<strong>es</strong>são da segurança, determinando-se o prosseguimento da ação de n.<br />

2004.50.50.007304-2, em <strong>tr</strong>âmite no 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES, com a intimação p<strong>es</strong>soal da parte<br />

autora para manif<strong>es</strong>tar-se quanto ao acordo proposto pela parte con<strong>tr</strong>ária.<br />

ACÓRDÃO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!