17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

125 - 2008.50.52.000866-8/01 EVA DA SILVA DE JESUS (ADVOGADO: MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.52.000866-8/01<br />

Recorrente : EVA DA SILVA DE JESUS<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS. PROVA<br />

MATERIAL DE TRABALHO RURAL. LABOR EM MEIO URBANO. NÃO-DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo, que<br />

julgou improcedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente que houve<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, uma vez que o juiz de origem entendeu d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a realização de audiência por não haver<br />

início de prova material hábil a ser corroborada pela prova t<strong>es</strong>temunhal que seria produzida. Inobstante, afirma que os<br />

documentos acostados são idôneos à comprovação do labor rural, consubstanciando-se, portanto, em início razoável de<br />

prova material e que não houve d<strong>es</strong>caracterização do regime de economia familiar em razão dos vínculos empregatícios<br />

que seu cônjuge con<strong>tr</strong>aiu de 2002 a 2007.<br />

Em primeiro lugar, deve-se r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na alínea “a”<br />

do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, para fins de recebimento de<br />

aposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar o<br />

efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />

benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />

razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos da Súmula 149 do STJ e o art. 55, § 3º da Lei<br />

8213/91 e, para que tal atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos<br />

membros da família seja indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e<br />

que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º<br />

do artigo 11 da Lei 8.213/91.<br />

No caso dos autos, observa-se que não se pode exigir da parte autora a comprovação de todo o período, o que seria<br />

considerado como prova plena. Ademais, a jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia é unânime ao fixar entendimento no sentido de que não é<br />

nec<strong>es</strong>sário que o início de prova material abranja nec<strong>es</strong>sariamente todo o período que se pretende homologar. A prova<br />

t<strong>es</strong>temunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício. Portanto, a prova material não nec<strong>es</strong>sita se referir a todo o período de <strong>tr</strong>abalho no campo, d<strong>es</strong>de que seja<br />

contemporânea ao período a se provar.<br />

A Turma de Uniformização das Decisõ<strong>es</strong> dos Juizados Especiais Federais possui entendimento expr<strong>es</strong>so n<strong>es</strong>se sentido,<br />

conforme a Súmula 14: “Para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material,<br />

corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à carência do benefício”. D<strong>es</strong>taca-se ainda a Súmula 34: “Para fins de<br />

comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”.<br />

Ainda, a m<strong>es</strong>ma Turma editou a Súmula 41, com os seguint<strong>es</strong> dizer<strong>es</strong>: “A circunstância de um dos integrant<strong>es</strong> do núcleo<br />

familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador rural como segurado<br />

<strong>es</strong>pecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.<br />

Pelo fato de a Lei 8.213/91 dispor que a comprovação do <strong>tr</strong>abalho rural poderá se dá com base em "início de prova<br />

material", r<strong>es</strong>ta pacificado que "o rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, inscrito no art.<br />

106, parágrafo único da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, e não taxativo, sendo admissíveis, portanto, ou<strong>tr</strong>os<br />

documentos além dos previstos no mencionado dispositivo". Essa ben<strong>es</strong>se legal de aceitar o "início de prova material" se<br />

dá "em razão das dificuldad<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>adas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> do campo para comprovar o seu efetivo exercício no meio<br />

agrícola". (STJ, AgRg no REsp 700298/CE. Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca. DJ 17.10.2005, p. 341; STJ, AgRg no Ag<br />

437826/PI. Rel. Min. Arnaldo Estev<strong>es</strong> Lima. DJ 24.04.2006, p. 433.).<br />

No afã de constituir início razoável de prova material, a parte autora acostou aos autos os seguint<strong>es</strong> documentos: certidão<br />

de casamento do cônjuge (fl. 14); con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola (fls. 20); declaração emitida pelo Sindicato dos<br />

Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Pinheiros/ES (fls. 19); Cadas<strong>tr</strong>o da Família, emitido pela Secretaria Municipal de Saúde de<br />

Pinheiros/ES (fl. 48); ficha de ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar da filha Luciene da Silva, efetuada em 05.07.1989 (fls. 55); e ficha de<br />

ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar da filha Marilene da Silva, efetuada em 18.02.1991. Pela análise dos documentos, bem como pelo<br />

balizamento jurisprudencial acerca da matéria, é lícito concluir que houve sim início de prova material apto a provar o labor<br />

rural exercido pela parte autora, sendo inclusive robusto o conjunto probatório.<br />

Ilus<strong>tr</strong>a-se o posicionamento jurisdicional a r<strong>es</strong>peito da matéria analisada no caso em lume: “PREVIDENCIÁRIO.<br />

APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. BOIA-FRIA. CONCESSÃO. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!