17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

familiar pela carência nec<strong>es</strong>sária.<br />

6. A título de prova material, a demandante anexou aos autos, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os documentos de menor valor probante, Ficha de<br />

Regis<strong>tr</strong>o na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim/ES, com data de 27/07/1980 (fl. 28) e, ainda, Ficha de<br />

Ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar na Secretaria de Educação Estadual dos anos de 1982 e 1986 (fls. 33/34), declarando a profissão da<br />

postulante como lavradora.<br />

7. Por sua vez, as t<strong>es</strong>temunhas ouvidas informaram que a autora e seu marido sempre <strong>tr</strong>abalharam na roça, nas terras de<br />

Idalécio e Josephina, e de lá saíram em 2005/2006; que a área cultivada era pequena; que nunca tiveram conhecimento<br />

acerca de um eventual <strong>tr</strong>abalho da autora como motorista, fazendo frete com caminhão; que o marido da autora chegou a<br />

<strong>tr</strong>abalhar em uma pedreira em um curto período de tempo, inferior a 02 anos.<br />

8. A prova t<strong>es</strong>temunhal firme e segura, colhida em juízo, é idônea para comprovar o exercício de atividade rural, em face da<br />

precariedade das condiçõ<strong>es</strong> de vida do <strong>tr</strong>abalhador rural, ainda mais se corroborada, como na <strong>es</strong>pécie, por início de prova<br />

material.<br />

9. Deve ser levada em consideração, por fim, a inspeção judicial realizada pelo juízo a quo na demandante, tendo<br />

constatado que a m<strong>es</strong>ma demons<strong>tr</strong>ou conhecimentos <strong>es</strong>pecíficos, bem como linguajar característico de <strong>tr</strong>abalhador rural.<br />

10. Em face do exposto, deve ser deferido o pedido formulado na inicial da ação, condenando o réu, ora recorrido, a<br />

conceder o benefício de aposentadoria rural por idade à parte autora, ora recorrente, com DIB e DIP a partir de 27/06/2008,<br />

data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (fl. 67), devendo o benefício ser implementado no prazo de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias, sendo que a<br />

autarquia previdenciária deverá comprovar, nos autos, o atendimento da pr<strong>es</strong>ente determinação judicial no m<strong>es</strong>mo prazo.<br />

11. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, r<strong>es</strong>peitado o teto fixado para <strong>es</strong>te<br />

Juizado, acr<strong>es</strong>cido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, d<strong>es</strong>de a citação até 30/06/2009 (data da vigência da Lei<br />

11.960/2009), e, a partir d<strong>es</strong>sa data, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de<br />

poupança.<br />

12. D<strong>es</strong>taca-se, quanto à não liquidez d<strong>es</strong>te decisum, o fato de que o réu possui maior<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> e facilidad<strong>es</strong> na<br />

elaboração dos discriminativos dos valor<strong>es</strong> em qu<strong>es</strong>tão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamento<br />

coaduna-se com o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 das<br />

Turmas Recursais do Rio de Janeiro. D<strong>es</strong>ta feita, após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em comento, a ser<br />

considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.<br />

13. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, por força do<br />

art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando-se<br />

a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

71 - 2008.50.54.000779-7/01 ROSA LIRA DE OLIVEIRA LORENZON (ADVOGADO: DAVID GUERRA FELIPE.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CIBELE COTTA CENACHI NAPOLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.54.000779-7/01<br />

Recorrente : ROSA LIRA DE OLIVEIRA LORENZON<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –<br />

CÔNJUGE APOSENTADO EM ATIVIDADE URBANA – RENDA MENSAL SUFICIENTE À SUBSISTÊNCIA FAMILIAR -<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ROSA LIRA DE OLIVEIRA LORENZON con<strong>tr</strong>a a r. sentença de fls.<br />

120/123, que julgou improcedent<strong>es</strong> os pedidos de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente que a circunstância de seu cônjuge ter se aposentado como servidor<br />

público não d<strong>es</strong>caracteriza a existência do regime de economia familiar, já que a lei também admite, para tanto, o exercício<br />

da atividade rural individualmente. Afirma que comprovou o exercício de atividad<strong>es</strong> agrícolas d<strong>es</strong>de seu casamento, em<br />

1970, até a pr<strong>es</strong>ente data, e que sempre dependeu de seu <strong>tr</strong>abalho e do <strong>tr</strong>abalho dos seus filhos para sua subsistência; a<br />

d<strong>es</strong>caracterização de segurado <strong>es</strong>pecial dar-se-ia apenas quanto ao seu cônjuge, que teve vínculo e rendimento urbano;<br />

não há provas de que as atividad<strong>es</strong> agrícolas não tenham sido indispensáveis à sobrevivência da autora e de seus filhos.<br />

3. A Lei nº 8.213/91 reconhece a condição de segurado <strong>es</strong>pecial tanto ao <strong>tr</strong>abalhador rural que exerça sua atividade em<br />

regime de economia familiar, quanto àquele que a d<strong>es</strong>empenhe individualmente (art. 11, VII, da Lei nº 8.213/91). Assim,<br />

para que o <strong>tr</strong>abalhador rural se qualifique como segurado <strong>es</strong>pecial não é impr<strong>es</strong>cindível a existência de regime de economia<br />

familiar: basta que exerça a atividade rural sozinho.<br />

4. A jurisprudência dominante do STJ reconhece a qualificação do segurado <strong>es</strong>pecial m<strong>es</strong>mo quando ou<strong>tr</strong>o membro da<br />

família exerce atividade diversa da agrícola, mas r<strong>es</strong>salva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador.<br />

5. Tal entendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia<br />

familiar como sendo aquele em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido<br />

em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!