17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o tamanho da propriedade rural pertencente a ela e seu<br />

marido, bem como a circunstância de ter o m<strong>es</strong>mo se aposentado como empregador rural não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de<br />

economia familiar.<br />

3. Segundo o art. 11, inciso VII, § 1.º, da Lei n.º 8.213/91, "Entende-se como regime de economia familiar a atividade em<br />

que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do<br />

núcleo familiar e é exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados<br />

permanent<strong>es</strong>".<br />

4. É certo, também, que o tamanho da propriedade rural, por si só, não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar, tendo<br />

em vista o disposto na Súmula nº 30 da TNU, segundo a qual, “<strong>tr</strong>atando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel<br />

ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado <strong>es</strong>pecial, d<strong>es</strong>de que<br />

comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar”.<br />

5. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, todavia, andou bem o juízo de origem ao concluir pelo indeferimento do benefício, vez que, além<br />

do tamanho da propriedade (214 hectar<strong>es</strong>, fl. 60) e o fato de o marido da autora ter se aposentado como produtor rural (fl.<br />

118), o documento de fl. 59 demons<strong>tr</strong>a a existência de 142 animais de grande porte e de área em parceria ou<br />

arrendamento, tendo <strong>es</strong>ta última informação sido confirmada pela autora na en<strong>tr</strong>evista realizada no proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

onde relatou que a área foi divida en<strong>tr</strong>e os cinco filhos; que dois del<strong>es</strong> possuem meeiros, e que, <strong>es</strong>poradicamente,<br />

con<strong>tr</strong>atam diaristas; disse, ainda, que é colhida cerca de 200 sacas de café por ano, havendo, ainda, exploração de gado<br />

leiteiro (média de 12 vacas), circunstâncias que d<strong>es</strong>caracterizam a atividade rural em regime de economia familiar.<br />

6. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

7. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da assistência<br />

judiciária gratuita (fl.101).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

98 - 2009.50.51.001149-3/01 MARIA DE LOURDES DAVEL AZEVEDO (ADVOGADO: MARCIO SANTOLIN BORGES, LUIZ<br />

MARIA BORGES DOS REIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS<br />

IRIGON.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.51.001149-3/01<br />

Recorrente : MARIA DE LOURDES DAVEL AZEVEDO<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – PERDA DA QUALIDADE DE<br />

SEGURADO ESPECIAL – EXIGÊNCIA DO EXERCÍCIO DO LABOR RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR<br />

AO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO – MUDANÇA PARA ÁREA URBANA - INCIDÊNCIA DA JURISPRUDÊNCIA DO<br />

TNU – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA DE LOURDES DAVEL AZEVEDO em face da r. sentença de fls.<br />

93/96, que julgou improcedente o pedido inicial. Segundo o juízo de origem, embora a autora tiv<strong>es</strong>se direito à aposentadoria<br />

rural por idade (a perda da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial não a afetaria, pois cumprida a carência exigida em lei), o<br />

requisito do exercício do labor rural no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo não r<strong>es</strong>tou<br />

preenchido. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, ausência do labor rural no período imediatamente<br />

anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo não é obstáculo à conc<strong>es</strong>são do pedido inicial.<br />

Deveras, para o deferimento do benefício de aposentadoria por idade, é nec<strong>es</strong>sária a comprovação do exercício de<br />

atividad<strong>es</strong> rurais por período equivalente à carência <strong>es</strong>tabelecida para o benefício, em regime de economia familiar. De<br />

acordo com a Lei n.º 8.213/91, considera-se segurado <strong>es</strong>pecial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário<br />

que exerçam suas atividad<strong>es</strong>, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, VII). Segundo o parágrafo<br />

primeiro do m<strong>es</strong>mo dispositivo, entende-se por regime de economia familiar a atividade em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da<br />

família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem o<br />

auxílio de empregados.<br />

A parte autora, ora recorrente, para comprovar início de prova material do labor rural, apr<strong>es</strong>entou diversos documentos em<br />

nome de seus pais e, depois, de seu cônjuge, tais como certidão de casamento (fl. 19), carteira de sindicato rural (fl. 20);<br />

anotação em CTPS (fl. 22); documentos de imóvel rural, tais como ITRs e cadas<strong>tr</strong>os perante o INCRA. Em sede de<br />

audiência, <strong>es</strong>clareceu, em sínt<strong>es</strong>e: que morava na roça; que viveu 38 anos nas terras de seus pais, pois era solteira; que se<br />

casou em 1984 e foi morar com o cônjuge, na terra dele; que viveram na terra dele por seis anos; que então ele se<br />

aposentou e foram morar na cidade de Castelo, deixando de <strong>tr</strong>abalhar na roca em setembro de 1991; que, n<strong>es</strong>sa ocasião,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!