boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
boletim tr/es 2010.314 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
pleno vigor, como já o proclamaram vários julgados, posterior<strong>es</strong> ao advento da Constituição <strong>Federal</strong> de 05.10.1988.<br />
Há, portanto, nec<strong>es</strong>sidade de lei em sentido formal para a criação de vantagens pecuniárias a servidor<strong>es</strong> públicos. A Lei<br />
Magna não assegura ao Poder Judiciário fixar, sem lei, vencimentos ou vantagens a servidor<strong>es</strong> públicos.<br />
Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />
Custas já recolhidas. Condeno o recorrente em honorários advocatícios que fixo em 20% sobre o valor a<strong>tr</strong>ibuído à causa,<br />
com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />
forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
145 - 2008.50.53.000788-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />
RODRIGUES.) x ORLANDO FERREIRA DE SOUZA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.53.000788-0/01<br />
Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Recorrido : ORLANDO FERREIRA DE SOUZA<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.<br />
NÃO-EXERCÍCIO DE ATIVIDADE NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />
FLEXIBILIZAÇÃO DO REQUISITO LEGAL. DIB FIXADA NA DATA DO PRIMEIRO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia-ré, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo, que<br />
julgou procedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o recorrente que o<br />
recorrido não faz jus ao benefício pleiteado porque <strong>es</strong>te não mais <strong>tr</strong>abalhava na lavoura na data do requerimento<br />
adminis<strong>tr</strong>ativo, d<strong>es</strong>cumprindo os requisitos para conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Requer, então, que se reforme<br />
a sentença guerreada, negando-se provimento ao pedido autoral. Requer, ainda, que se considere o requerimento<br />
adminis<strong>tr</strong>ativo mais recente para fixação da DIB.<br />
Em primeiro lugar, dever r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na alínea “a” do<br />
inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, para fins de recebimento de aposentadoria<br />
rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar o efetivo exercício<br />
de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por<br />
tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />
Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />
razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei 8213/91 e, para que tal<br />
atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja<br />
indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido em<br />
condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei<br />
8.213/91.<br />
São d<strong>es</strong>cabidos os argumentos suscitados pela autarquia-ré em suas razõ<strong>es</strong> recursais, posto que não há procedência na<br />
alegação de que a ausência de exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício<br />
impediria o cumprimento dos requisitos legislativos para a conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado. Isto porque, como pôde ser<br />
percebido de forma inequívoca nos autos em apreço, o recorrido se dedicou, em grande parte de sua vida, ao <strong>tr</strong>abalho rural.<br />
Tal constatação leva à conclusão de que faz jus o requerente ao benefício da aposentadoria rural, vez que o lapso temporal<br />
en<strong>tr</strong>e o fim do <strong>tr</strong>abalho rural e a en<strong>tr</strong>ada do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo é de aproximadamente 3 (<strong>tr</strong>ês) anos (fl. 88), período