Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> nação, bem como a intensificação <strong>da</strong> <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> quem já era afeito ao<br />
trabalho voluntário.<br />
A execução <strong>de</strong>sse trabalho voluntário era reflexo também <strong>da</strong> nova conotação que<br />
ganhava, pouco a pouco, o trabalho na ilha. Como citado anteriormente, era uma preocupação<br />
constante do Che que a população passasse a se i<strong>de</strong>ntificar ca<strong>da</strong> vez mais com a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
produtiva, buscando-a livremente (sem a compulsão <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> subsistência), como<br />
uma forma <strong>de</strong> reproduzir-se material e espiritualmente. Fazia parte imanente <strong>da</strong> constituição<br />
do homem novo <strong>de</strong> Che o advento do trabalho em sua mais nova e avança<strong>da</strong> significação. O<br />
homem novo compreen<strong>de</strong> e executa a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maneira renova<strong>da</strong> e diferente.<br />
Ao participar dos programas <strong>de</strong> trabalho voluntário, um cubano já <strong>de</strong>monstrava alto<br />
grau <strong>de</strong> consciência e entendimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Revolução. Por isso,<br />
segundo Che, um auto-proclamado comunista jamais <strong>de</strong>veria fugir <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>ver moral,<br />
acreditando que a sua contribuição à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> seria <strong>da</strong><strong>da</strong> tão-somente mediante feitos<br />
heróicos guerreiros individuais. Não se po<strong>de</strong>ria ter essa pretensão e vai<strong>da</strong><strong>de</strong>, havia que se<br />
conscientizar <strong>da</strong> relevância fun<strong>da</strong>mental do trabalho comum, on<strong>de</strong> todos po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>stacar-se<br />
através <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s conquistas alcança<strong>da</strong>s coletivamente. Portanto, para Che, uma revolução<br />
não compreendia apenas os combates e a aventura heróica que colocam o povo no po<strong>de</strong>r,<br />
compreendia também o trabalho árduo, diário e concreto <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um na construção consciente<br />
<strong>de</strong> novas forças produtivas.<br />
109<br />
[...] nós temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nossa revolução, aquela que estamos fazendo<br />
todos os dias. E para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>fendê-la temos <strong>de</strong> construí-la, fortificá-la com<br />
esse trabalho que hoje não agra<strong>da</strong> à juventu<strong>de</strong>, ou que, pelo menos,<br />
consi<strong>de</strong>ra como o último dos seus <strong>de</strong>veres, porque ain<strong>da</strong> conserva a<br />
mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> antiga, a mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> que vem do mundo capitalista, ou seja,<br />
que o trabalho é um <strong>de</strong>ver, é uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas um <strong>de</strong>ver e uma<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> tristes. (GUEVARA, 2004c, p.273)<br />
O trabalho adquire inicialmente uma nova característica à medi<strong>da</strong> que os meios <strong>de</strong><br />
produção passam a pertencer a todos – a partir <strong>da</strong>í, <strong>da</strong> constatação objetiva <strong>de</strong>ssa reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
torna-se possível a internalização <strong>de</strong> um novo conceito concernente à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> trabalhador – trata-se já <strong>de</strong> um labor não tão penoso espiritualmente para quem o pratica,<br />
justamente por não entregar o que produziu para apropriação priva<strong>da</strong> e estranha. Desse ponto<br />
em diante, o que passará a existir é a colocação em prática <strong>de</strong> algo em que se i<strong>de</strong>ntifica e que