Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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políticos mais complexos, <strong>da</strong>riam ao partido e ao governo a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tomar <strong>de</strong>cisões fun<strong>da</strong>mentais para a economia ou para a vi<strong>da</strong> cultural do<br />
indivíduo. (GUEVARA, 1982i, p. 201)<br />
Mesmo sem uma estrutura <strong>de</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular que, naqueles idos <strong>de</strong> 1960,<br />
organizasse e projetasse mais clara e objetivamente os anseios <strong>da</strong>s massas, Guevara afirma<br />
que estas já se encontram consciente e que já se apresentam como sujeitos <strong>de</strong> sua própria<br />
história.<br />
Apesar <strong>da</strong> carência <strong>da</strong>s instituições, o que <strong>de</strong>ve ser superado gradualmente,<br />
as massas agora fazem a história como um conjunto consciente <strong>de</strong> indivíduos<br />
que lutam por uma mesma causa. [...] apesar <strong>da</strong> falta do mecanismo perfeito<br />
para isso, sua possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se expressar e <strong>de</strong> influir no aparato social é<br />
infinitamente maior. (GUEVARA, 2004d, p. 257)<br />
À falta do instrumental político para as massas intervirem na condução direta do<br />
processo revolucionário cubano, Che não respon<strong>de</strong> com uma institucionalização apressa<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
Revolução. Ressurge aqui como justificativa plausível e coerente com o pensamento<br />
guevarista para tal posicionamento, o fato <strong>de</strong> que aqueles que comporiam os órgãos <strong>de</strong><br />
representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular não tivessem uma preparação i<strong>de</strong>ológica suficiente para assumir<br />
tamanha tarefa. Talvez, para Guevara, naqueles idos dos anos 1960, fosse ain<strong>da</strong> o momento<br />
para educar e conscientizar o povo para, somente então, aprofun<strong>da</strong>r o processo <strong>de</strong><br />
institucionalização. Supõe-se que com um maior nível intelectual e <strong>de</strong> consciência haveria<br />
maiores possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa institucionalização não se transformar em burocratização <strong>da</strong>s<br />
relações entre a vanguar<strong>da</strong> e a massa.<br />
Neste ínterim, enquanto não se alcançava tal patamar <strong>de</strong> consciência, <strong>de</strong>ver-se-ia<br />
acentuar e incentivar a participação consciente do trabalhador (<strong>de</strong> forma individual ou<br />
coletiva) em ―todos os mecanismos <strong>de</strong> direção e produção‖, vislumbrando, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, a meta <strong>de</strong><br />
se extinguir a divisão existente entre trabalho manual e trabalho intelectual. A<strong>de</strong>mais, <strong>de</strong>ver-<br />
se-ia, igualmente, sublinhar a importância <strong>da</strong> educação técnica, além <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ológica, e sua<br />
relação direta com aquela participação consciente, pois somente com esse tipo <strong>de</strong><br />
conhecimento os trabalhadores po<strong>de</strong>riam participar <strong>da</strong> concepção dos produtos que satisfarão<br />
às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> população cubana. Guevara (2004d, p.258) asseverou <strong>de</strong>sta forma a<br />
respeito do novo tipo <strong>de</strong> trabalho que surgiria mediante a conscientização e a emancipação<br />
dos homens:<br />
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