Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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apropriação <strong>de</strong> sua [do homem] essência e, portanto, como fenômeno<br />
consciente. [...] Retornando assim à concepção original <strong>de</strong> Marx, ele afirma<br />
que o comunismo não po<strong>de</strong> ser o resultado ‗objetivo‘ do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico sob um Estado ‗socialista‘, mas somente o processo pelo qual a<br />
humani<strong>da</strong><strong>de</strong> se apropria <strong>de</strong> seu ser social. (SADER, 2004, p.34-5)<br />
O homem novo, <strong>de</strong> acordo com a concepção guevarista, <strong>de</strong>veria estar presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
construção/transição rumo ao comunismo, porém e obrigatoriamente – <strong>da</strong><strong>da</strong> à conjuntura<br />
momentânea –, ain<strong>da</strong> em um estágio menos avançado <strong>de</strong> consciência e participação política.<br />
O homem novo seria o ser social comunista (ápice do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> consciência<br />
humana) ain<strong>da</strong> na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em transformação. Está no caminho <strong>da</strong> <strong>de</strong>salienação completa e a<br />
alcançará a partir do momento em que sua participação consciente na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r<br />
para além <strong>da</strong> produção direta, chegando à área planejadora. Guevara sabia que a libertação<br />
completa dos seres humanos não seria factível já naquela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transição. O homem<br />
novo <strong>de</strong> Che, e <strong>da</strong> transição socialista, é o ser social do comunismo <strong>de</strong> amanhã – aquele ser<br />
consciente que acabou <strong>de</strong> se construir e que finalizou o processo <strong>de</strong> transição rumo à<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> comunista.<br />
Além <strong>da</strong>s forças produtivas e <strong>da</strong> consciência, outra variável é fun<strong>da</strong>mental para se<br />
<strong>de</strong>finir o quanto uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> já avançou em direção ao comunismo, a saber, o grau <strong>de</strong><br />
controle dos trabalhadores sobre o conjunto <strong>da</strong> produção e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social. Afinal, o objetivo<br />
principal e <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira Revolução comunista é que todos tenham controle sobre a<br />
sua própria vi<strong>da</strong>, agindo sempre coletivamente e sendo sujeitos conscientes <strong>da</strong> história. ―Por<br />
isso o aspecto <strong>de</strong>terminante será o avanço na participação coletiva, <strong>de</strong>cisória e consciente a<br />
partir <strong>de</strong>sses novos valores.‖ (SADER, 2004, p.39)<br />
Sem consciência e sem participação popular efetiva na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões não há<br />
como erigir ou manter-se uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> socialista. Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> essa que é genuinamente<br />
<strong>de</strong>mocrática porque se configura e se organiza <strong>de</strong> acordo com as aspirações do povo. A<br />
<strong>de</strong>mocracia ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, na acepção mais exata <strong>da</strong> palavra 49 , com participação direta, contínua<br />
e consciente <strong>de</strong> todos, é um sistema <strong>de</strong> organização sócio-político somente exeqüível a partir<br />
<strong>de</strong> uma sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> comunista.<br />
[...] sem essa consciência clara dos direitos e <strong>de</strong>veres do povo na nova etapa,<br />
não se po<strong>de</strong>rá entrar realmente e trabalhar realmente em uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
49 Do grego démokratía, <strong>de</strong> dêmos 'povo' + kratía 'força, po<strong>de</strong>r'. 1. governo do povo; governo em que o povo<br />
exerce a soberania. Dicionário Eletrônico Houaiss <strong>da</strong> Língua Portuguesa. Versão 1.0.5a. Novembro <strong>de</strong> 2002.<br />
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