Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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Guevara chega a apontar na condição do operário cubano algumas semelhanças com a<br />
condição geral do proletariado pertencente ao sistema capitalista. Sabia, igualmente, que<br />
tinham que investir na transformação do modo em que se executavam as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas<br />
– havia <strong>de</strong> se romper com o isolamento e a frieza, estimulando um maior vínculo e<br />
comunicação entre os trabalhadores.<br />
Todos se sentem isolados, sentem que to<strong>da</strong>s essas horas <strong>de</strong> trabalho não são<br />
parte <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>. Temos que terminar com essa maneira <strong>de</strong> trabalhar juntos.<br />
[...] Construímos um sistema socialista feito por gente honesta, por gente<br />
sacrifica<strong>da</strong>, e essa gente ain<strong>da</strong> não consegue entrar em comunicação.<br />
(GUEVARA, 1982h, p.66)<br />
No socialismo <strong>de</strong> Che, proposto naquela fase incipiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico cubano, também se trabalhava para se sustentar minimamente – porém esse já não<br />
<strong>de</strong>veria ser o propulsor fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> consciente. O sentido do <strong>de</strong>ver sim,<br />
juntamente à i<strong>de</strong>ntificação e à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> com todos que divi<strong>de</strong>m aquela reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Deveria trabalhar-se pelo alcance do bem-estar coletivo e, mediante este, ca<strong>da</strong> indivíduo<br />
alcançaria o seu naturalmente. Havia que se buscar os ―progressos <strong>da</strong> consciência dos<br />
indivíduos, que <strong>de</strong>ssa forma são movidos no sentido <strong>da</strong>s relações socialistas, do trabalho para<br />
a coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.‖ (SADER, 2004, p.48-9)<br />
Che buscava contribuir com as suas idéias e com a sua prática para que Cuba<br />
alcançasse o estágio mais avançado <strong>de</strong> produção social e <strong>de</strong> consciência humana, qual seja, o<br />
comunismo. Nesse sistema, o trabalho seria final e completamente livre e quem o executasse<br />
e o elaborasse o faria tendo plena noção <strong>de</strong> seu significado e importância para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A<strong>de</strong>mais, o fruto do trabalho não seria mais alienado do trabalhador (nem em seu sentido e<br />
concepção, nem fisicamente), pertencendo-lhe à medi<strong>da</strong> que pertence a to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
qual ele faz parte. O homem emancipado e livre praticaria uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva não mais<br />
porque é impelido pela fome e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas simplesmente porque tem consciência <strong>de</strong> que<br />
sem produção não há vi<strong>da</strong>. Segundo E<strong>de</strong>r Sa<strong>de</strong>r, Che baseia-se nos Manuscritos Econômico-<br />
Filosóficos <strong>de</strong> 1844, <strong>de</strong> Karl Marx, para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua concepção <strong>de</strong> transição socialista<br />
fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem consciente como motor e resultado do processo.<br />
Na polêmica que então se trava sobre os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> transição socialista, ele<br />
vai procurar apoiar-se num estudo aprofun<strong>da</strong>do dos textos <strong>de</strong> Marx sobre o<br />
comunismo. Retomando os ―Manuscritos econômico-filosóficos‖, ele se<br />
fun<strong>da</strong> na concepção marxista do comunismo [...] como processo real <strong>de</strong><br />
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