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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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Um indivíduo isolado, do mesmo modo que não po<strong>de</strong>ria falar, não po<strong>de</strong>ria<br />

ser proprietário do solo. Quando muito po<strong>de</strong>ria viver <strong>de</strong>le, como uma fonte<br />

<strong>de</strong> suprimentos, como vivem os animais. A relação com a terra, como<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, nasce <strong>da</strong> sua ocupação, pacífica ou violenta, pela tribo, pela<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> em forma mais ou menos primitiva ou já historicamente<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>. [...] Tomando como pressuposto que lhe pertencem as<br />

condições objetivas <strong>de</strong> seu trabalho, <strong>de</strong>ve-se também pressupor que o<br />

indivíduo pertença subjetivamente a uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que serve <strong>de</strong> mediação<br />

<strong>de</strong> sua relação com as condições objetivas <strong>de</strong> seu trabalho.<br />

Destarte, o homem não se apropria <strong>de</strong> um pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> terra para produção e nem fala<br />

sozinho; ele precisa – como condição sine qua non no intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver tais<br />

características – pertencer a uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, para, logo em segui<strong>da</strong>, assentar-se sobre um<br />

solo e iniciar a reprodução <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> através <strong>da</strong> interação com a natureza e com os <strong>de</strong>mais<br />

homens e mulheres. A posse comunal <strong>da</strong> terra dá início ao processo produtivo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong><br />

valor <strong>de</strong> uso, assim como possibilita, concomitantemente, a apropriação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as condições<br />

naturais e objetivas <strong>da</strong> produção. ―Des<strong>de</strong> o início mostra-se, portanto, uma conexão<br />

materialista dos homens entre si, condiciona<strong>da</strong> pelas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e pelo modo <strong>de</strong> produção,<br />

conexão esta que é tão antiga quantos os próprios homens...‖ (MARX & ENGELS, 1987, p.<br />

42)<br />

Nesse momento em que os indivíduos possuem a terra – e os meios <strong>de</strong> produção<br />

concebidos a partir <strong>de</strong>la – <strong>de</strong> maneira coletiva, a consciência do pertencimento ao ser gregário<br />

universal (que correspon<strong>de</strong> ao coletivo <strong>de</strong> homens e mulheres – humani<strong>da</strong><strong>de</strong>) alcança gran<strong>de</strong><br />

amplitu<strong>de</strong> e não há subjetiva ou objetivamente nenhum fator que possa dirimi-la ou fracioná-<br />

la; pelo contrário, apreen<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> maneira ca<strong>da</strong> vez mais profun<strong>da</strong>, a partir do mundo objetivo<br />

(―os homens são condicionados pelo modo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> material, por seu<br />

intercâmbio material...‖ 14 ), que a existência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um é não só individual, mas,<br />

primordialmente, social. São seres sociais cuja ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução material é social e,<br />

concomitantemente, genérica.<br />

[...] a minha existência própria é ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> social; por isso, o que eu faço <strong>de</strong><br />

mim, faço <strong>de</strong> mim para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e com a consciência <strong>de</strong> mim como um<br />

ser social. [...] O indivíduo é o ser social. A sua exteriorização <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> –<br />

14 MARX, Karl & ENGELS, F. A i<strong>de</strong>ologia alemã. 6ª ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1987.<br />

27

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