Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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<strong>de</strong> um Estado socialista. Deveria ser o primeiro e mais importante <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> todos. Conforme<br />
asseverou:<br />
113<br />
Através <strong>de</strong> que expressão irá se criar o Estado Socialista? Está claro que<br />
através do trabalho. Está claro que o trabalho é que criará as riquezas para<br />
nosso Estado, e que <strong>da</strong>rá a ele novas características para mu<strong>da</strong>r o seu aspecto<br />
atual. O trabalho, então, <strong>de</strong>ve ser a marca do revolucionário. E o trabalho<br />
<strong>de</strong>ve ser compreendido por todos como o <strong>de</strong>ver fun<strong>da</strong>mental. (GUEVARA<br />
apud PÉREZ-GALDÓS, 1988, p.124, tradução nossa)<br />
Che Guevara perseverava junto à população com a questão <strong>da</strong> importância essencial e<br />
vital do trabalho. Afirmava constantemente a respeito <strong>de</strong> sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> único e ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro<br />
fator criador <strong>de</strong> valor – queria, <strong>de</strong> fato, que fosse internaliza<strong>da</strong> no povo essa noção. Dizia<br />
igualmente que a soberania do país somente po<strong>de</strong>ria ser garanti<strong>da</strong> com um <strong>de</strong>senvolvimento<br />
industrial e infra-estrutural que significasse a in<strong>de</strong>pendência econômica <strong>da</strong> nação. A guerra<br />
cotidiana para manutenção <strong>da</strong> Revolução e <strong>de</strong> suas conquistas sociais e políticas era uma<br />
guerra militar e econômica. Sem crescimento econômico – advindo mediante muito trabalho –<br />
a soberania do país estaria sempre ameaça<strong>da</strong> ou oblitera<strong>da</strong>. Guevara (2004c, p.275-6), assim<br />
sintetizou a sua concepção a respeito <strong>da</strong> categoria trabalho e do trabalho voluntário:<br />
É isso que tem que ser feito. Ficar consciente <strong>de</strong> que o trabalho é o mais<br />
importante. Perdoem-me se eu insisto tantas vezes, mas é que sem trabalho<br />
não há na<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> a riqueza do mundo, todos os valores que a humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
possui não são na<strong>da</strong> mais do que trabalho acumulado. Sem isso não po<strong>de</strong><br />
existir na<strong>da</strong>. Sem o trabalho extra para criar mais exce<strong>de</strong>nte para novas<br />
fábricas, para novas instalações sociais, o país não avança. E por mais fortes<br />
que sejam os nossos exércitos, estaremos sempre com o ritmo <strong>de</strong><br />
crescimento lento...<br />
Justamente a falta <strong>de</strong>ssa consciência em relação ao caráter fun<strong>da</strong>mental do trabalho era<br />
aponta<strong>da</strong> por Che no seu diagnóstico concernente à baixa assidui<strong>da</strong><strong>de</strong> popular nos domingos<br />
<strong>de</strong> trabalho voluntário <strong>de</strong> Cuba durante alguns períodos específicos. Assim, ao criticar a falta<br />
<strong>de</strong> participação do povo nos dias que seriam <strong>de</strong>dicados ao trabalho voluntário, Che atesta um<br />
baixo grau <strong>de</strong> conscientização e conseqüente falta <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> alguns setores com o<br />
gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> transformação social empreendido pela Revolução.<br />
Ain<strong>da</strong> falta à classe operária consciência exata <strong>de</strong> sua força, <strong>de</strong> sua<br />
potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres e direitos [...]. O problema <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> ‗corte‘