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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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O i<strong>de</strong>al seria que o preço refletisse exatamente o valor (trabalho socialmente<br />

necessário à produção <strong>de</strong> algo) incorporado ao produto, ao largo <strong>da</strong> lógica mercantil-<br />

capitalista e do jogo cego <strong>da</strong>s leis do mercado simbolizado pelo binômio oferta x <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

Dessa forma, o objetivo primordial <strong>da</strong>s diretrizes econômicas era enfraquecer ao máximo<br />

(mediante planificação e conseqüente rígido controle administrativo) o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> lei do valor<br />

mercantil no período <strong>de</strong> transição. Por exemplo, ao se <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fabricar <strong>de</strong>terminado produto<br />

<strong>de</strong> consumo em prol <strong>de</strong> outros investimentos estratégicos (militar, entre outros), aquele bem<br />

sofreria uma pressão (provoca<strong>da</strong> pela sua escassez) em seu preço, que ten<strong>de</strong>ria a subir – tal<br />

pressão seria controla<strong>da</strong> pelo Estado. Conforme asseverou Che: ―Então se criarão tensões que<br />

se terá <strong>de</strong> corrigir com medi<strong>da</strong>s administrativas, para impedir uma alta <strong>de</strong> preços e se criarão<br />

novas relações que obscureceriam ca<strong>da</strong> vez mais a ação <strong>da</strong> lei do valor. [...] no plano haverá<br />

um reflexo ca<strong>da</strong> vez mais pálido <strong>da</strong> lei do valor.‖ (GUEVARA, 1982b, p.180-1)<br />

A planificação, segundo Che, <strong>de</strong>veria ter como pressuposto básico a posse coletiva dos<br />

meios <strong>de</strong> produção. Não há planificação sem socialismo, portanto os meios <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong>vem, ineludivelmente, ser <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> social para que se possa seguir o que se foi<br />

planejado e pensado. Guevara (1982c, p.10) <strong>de</strong>finiu: ―[...] planificação e socialismo<br />

caminham juntos e não se po<strong>de</strong> forçar a planificação enquanto as condições objetivas não o<br />

permitirem.‖<br />

Assim, enquanto houvesse empresas priva<strong>da</strong>s, a planificação – e o subseqüente<br />

controle <strong>da</strong> economia pelos trabalhadores –, nunca seria pleno. A apropriação, priva<strong>da</strong> e<br />

individual, dos meios <strong>de</strong> produção redun<strong>da</strong>ria fatalmente em anarquia <strong>da</strong> produção – então<br />

regi<strong>da</strong> pelas obscuras e voláteis leis do mercado. Ca<strong>da</strong> indivíduo ou grupo <strong>de</strong> indivíduos<br />

acabaria fazendo o que julgasse necessário para alcançar vantagens e benefícios pessoais,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do significado <strong>de</strong> tais atitu<strong>de</strong>s para o restante <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a <strong>de</strong>speito do<br />

que foi ou não planejado. Segundo Che, ―a condição sine qua non para que um plano seja<br />

realmente um plano econômico é que o estado domine a maioria dos meios <strong>de</strong> produção e,<br />

melhor ain<strong>da</strong>, se for possível, a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> produção.‖ (GUEVARA, 1982a,<br />

p.33),<br />

Outros dois fatores que dificultavam a planificação <strong>da</strong> economia cubana eram o<br />

incipiente crescimento do parque industrial do país – que não possibilitava que se efetivasse o<br />

que foi planejado e que também <strong>de</strong>sestimulava a elaboração <strong>de</strong> planos mais au<strong>da</strong>ciosos 74 – e a<br />

74 ―A impulsão igualitária, apesar <strong>de</strong> forte, esbarra na própria pobreza.‖ (FERNANDES, 1979, p.152)<br />

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