Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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caracteriza pela posse por parte do povo dos meios <strong>de</strong> produção, colocados a serviço do<br />
povo.‖<br />
Che acreditava que o homem novo era aquele homem que enxergava o seu trabalho já<br />
com essa nova perspectiva (adquiri<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> material e objetiva) e que o<br />
executava também <strong>de</strong> uma nova maneira (com mais <strong>de</strong>dicação e empenho haja vista o<br />
significado revelado do mesmo para o trabalhador).<br />
É certo que o fato <strong>de</strong> a produção não se <strong>de</strong>stinar mais ao lucro privado <strong>da</strong>va<br />
já ao trabalho um significado social diferente <strong>da</strong>quele que tem nas<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s capitalistas. E os trabalhadores que viam seu trabalho servir para<br />
uma distribuição mais igualitária, podiam <strong>da</strong>r-se conta <strong>de</strong>sse fato. (SADER,<br />
2004, p.40-1)<br />
Por isso, o homem novo propugnado por Che sabia que a transição era um momento<br />
<strong>de</strong> sacrifício coletivo on<strong>de</strong> não se po<strong>de</strong>ria apenas buscar a locupletação individual através <strong>de</strong><br />
benefícios materiais. ―Trata-se precisamente do indivíduo se sentir mais pleno, com muito<br />
mais riqueza interior e com muito mais responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.‖ (GUEVARA, 2004d, p.265). Esta<br />
nova condição seria o principal encorajador <strong>da</strong>s suas ações solidárias e conscientes – sentir-<br />
se-ia como sujeito <strong>da</strong> história, percebendo a importância factual <strong>de</strong> suas novas atitu<strong>de</strong>s para<br />
que se consiga avançar na construção <strong>de</strong> um país justo e <strong>de</strong>senvolvido.<br />
O trabalhador é educado, informado e ten<strong>de</strong> a compreen<strong>de</strong>r com mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> a<br />
importância <strong>de</strong> sua tarefa e <strong>de</strong> sua contribuição individual para o todo social. Ter ciência do<br />
significado <strong>de</strong> sua função na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> é um fator estimulante para o novo homem cubano<br />
em construção. E o que o estimula é então, antes <strong>de</strong> tudo, uma nova moral – esta advin<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
uma nova consciência que brotou <strong>de</strong> um novo contexto objetivo social-revolucionário. Desse<br />
modo, o trabalho em Cuba, segundo cria Che na época, estava adquirindo <strong>de</strong> fato uma nova<br />
significação – estava passando (era uma longa e duríssima transição) <strong>de</strong> uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> penosa e aliena<strong>da</strong>, para uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que se praticava por vonta<strong>de</strong> própria,<br />
pelo <strong>de</strong>sejo consciente <strong>de</strong> fazer do país on<strong>de</strong> se vive um lugar melhor para todos.<br />
No modo <strong>de</strong> produção regido pelo capital, o operário ven<strong>de</strong> a sua força <strong>de</strong> trabalho por<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, para não morrer <strong>de</strong> fome. A sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> não é voluntária e livre – ele é<br />
obrigado a executá-la sob pena <strong>de</strong> não conseguir sobreviver. Além disso, o fruto do seu<br />
trabalho lhe é alienado (retirado) e ele não participa <strong>da</strong> concepção do mesmo, é simplesmente<br />
a peça <strong>de</strong> um maquinário e naquela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> encontra-se somente o seu corpo e não o seu<br />
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