Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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portanto, condiciona<strong>da</strong> à relação dialética que a vanguar<strong>da</strong> revolucionária teria com o povo, à<br />
medi<strong>da</strong> que somente trabalhando conjuntamente e em direção ao mesmo sentido é que se<br />
po<strong>de</strong>ria alcançar tão difícil intento. Desse modo, era a partir <strong>da</strong>s massas, na interação com<br />
elas, que o partido <strong>de</strong>veria traçar o projeto socialista <strong>da</strong> nação caribenha. Che tenta <strong>de</strong>finir a<br />
seguir esse aparente paradoxo entre um po<strong>de</strong>r que é centralizado e que, concomitantemente,<br />
conta e necessita <strong>da</strong> participação <strong>da</strong>s massas: ―por uma parte criamos um controle vertical<br />
efetivo, um mecanismo que realmente funciona por linha direta do vértice até ca<strong>da</strong> ponto<br />
terminal, e pelo outro consi<strong>de</strong>rar o homem como único <strong>de</strong>stinatário <strong>da</strong> Revolução.‖<br />
(GUEVARA, 1982h, p.63)<br />
Apesar <strong>de</strong> sempre sublinhar o papel <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> no comando <strong>da</strong> Revolução, Che não<br />
admitia que ela impusesse na<strong>da</strong> às massas, tendo antes (e sempre) que dialogar com estas.<br />
Não se tratava <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões unilaterais e <strong>de</strong>finitivas que <strong>de</strong>veriam ser acata<strong>da</strong>s pela base, na<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>veria haver um movimento contínuo e dialético <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> idéias, sensações e<br />
informações entre o partido e o povo. O temor <strong>de</strong> Guevara em relação ao burocratismo revela-<br />
se no fato <strong>de</strong>le con<strong>de</strong>ná-lo publicamente, como um mal presente no processo revolucionário,<br />
além <strong>de</strong>, no momento em que trazia à baila as questões <strong>de</strong> interação <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> com os<br />
trabalhadores, ele não citar nem especular a respeito <strong>de</strong> que formato teriam os organismos<br />
populares que organizariam essa aproximação governo-povo.<br />
Guevara afirmou que o próprio Partido (Comunista Cubano), naquele momento<br />
restrito à presença e participação somente <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> revolucionária, apenas se tornaria um<br />
―partido <strong>da</strong>s massas‖, quando estas <strong>de</strong>senvolvessem mais a sua consciência nova – solidária e<br />
comunista. Conforme assinalou Guevara (2004d, p. 264): ―Nossa aspiração é que o partido<br />
seja <strong>de</strong> massas, mas somente quando as massas tenham alcançado o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong>, quer dizer, quando estejam educa<strong>da</strong>s para o comunismo. O trabalho é dirigido<br />
para essa educação.‖<br />
Segundo Che (2004d, p.250), ―a massa participou na Reforma Agrária e no difícil<br />
empenho <strong>de</strong> administrar as empresas estatais‖, não obstante a existência do sistema <strong>de</strong><br />
centralização dos orçamentos <strong>da</strong>s empresas do governo, controlado pelo Ministério <strong>da</strong>s<br />
Indústrias e no qual os trabalhadores até administravam as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtoras, mas sempre e<br />
obrigatoriamente em consonância com os <strong>de</strong>sígnios <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> que ocupava o ministério. A<br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong> produtora não tinha autonomia para <strong>de</strong>cidir o que fazer – era subordina<strong>da</strong> a um<br />
planejamento elaborado e coor<strong>de</strong>nado pelo grupo que ocupava o ministério. A vanguar<strong>da</strong><br />
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