Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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Ato contínuo, com uma consciência mais profun<strong>da</strong> (adquiri<strong>da</strong> a partir dos estudos e <strong>da</strong><br />
prática do trabalho voluntário, p. ex.), os trabalhadores cubanos estariam aptos a objetivarem<br />
relações <strong>de</strong> produção mais avança<strong>da</strong>s (solidárias, coletivistas) em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong>quelas<br />
pratica<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> em consonância com a débil infra-estrutura econômica <strong>de</strong> Cuba <strong>da</strong>quele<br />
momento. Destarte, ficava claro para Che Guevara, que a prática do trabalho voluntário e a<br />
<strong>de</strong>dicação intensa à educação eram os dois fatores fun<strong>da</strong>mentais para se <strong>de</strong>senvolver a nova<br />
consciência (e as relações <strong>de</strong> produção mais adianta<strong>da</strong>s) dos homens novos que construiriam a<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> comunista forma<strong>da</strong> por seres sociais cultos, conscientes, livres, emancipados e<br />
auto-<strong>de</strong>terminados. Assim ele afirmou:<br />
Po<strong>de</strong>-se abor<strong>da</strong>r a tarefa <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> nova consciência porque estamos<br />
frente às novas formas <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> produção e, embora em sentido<br />
histórico geral, a consciência seja produto <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong>vem<br />
ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s as características <strong>da</strong> época atual [...]. As idéias socialistas<br />
tocam a consciência <strong>da</strong>s pessoas <strong>de</strong> todo o mundo, e por isso po<strong>de</strong>mos<br />
adiantar um <strong>de</strong>senvolvimento ao estado particular <strong>da</strong>s forças produtivas num<br />
<strong>da</strong>do país. [...] Se tudo isso é possível, por que não pensar no papel <strong>da</strong><br />
educação como auxiliar pertinaz do estado socialista na tarefa <strong>de</strong> liqui<strong>da</strong>r os<br />
velhos vícios <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que morreu e que leva para o túmulo suas<br />
velhas relações <strong>de</strong> produção? (GUEVARA, 1982i, p.190-1)<br />
Des<strong>de</strong> o início do processo revolucionário em Cuba, Che nutre um especial interesse<br />
tanto pela questão <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> consciência humana estimula<strong>da</strong> pela educação quanto pela<br />
chega<strong>da</strong> <strong>de</strong> informações verídicas ao conhecimento <strong>de</strong> todo o povo, reconhecendo a inter-<br />
relação que tinham os dois fatores. De fato, sempre recusou ―empurrar‖ a massa para<br />
<strong>de</strong>terminado objetivo, antes queria que esta soubesse o significado <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos seus atos –<br />
o homem novo era, antes <strong>de</strong> qualquer coisa (e como já o dissemos), um homem consciente.<br />
Assim, a população <strong>de</strong>veria caminhar tendo plena ciência e noção do sentido <strong>de</strong> suas atitu<strong>de</strong>s<br />
consonantes com a Revolução. Tudo <strong>de</strong>veria ser explicado minuciosamente aos cubanos,<br />
tinham que compreen<strong>de</strong>r e saber o porquê que estavam se movimentando (ou não) rumo à<br />
<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> direção. Tratava-se <strong>de</strong> uma estratégia que realmente privilegiava o estímulo <strong>da</strong><br />
reflexão e do pensamento entre os trabalhadores, tendo o claro objetivo <strong>de</strong> incitá-los a<br />
participar conscientemente <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> sua própria história após tanto tempo <strong>de</strong><br />
exploração e imposição <strong>de</strong> um trabalho alienado e bestializado. Voltariam a utilizar as<br />
facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas que diferenciam o homo sapiens dos <strong>de</strong>mais animais.<br />
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