Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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Recorrendo impru<strong>de</strong>nte e acriticamente, a todo o momento <strong>da</strong> transição socialista, a<br />
estímulos que vivificam a pretensamente <strong>de</strong>rrota<strong>da</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa e sua respectiva<br />
superestrutura, alcança-se um ponto em que a mesma estrutura econômica que garante um<br />
nível <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e produção social maior, garante igualmente a perpetuação do<br />
individualismo e <strong>da</strong> alienação dos trabalhadores. De acordo com a afirmação <strong>de</strong> Che Guevara:<br />
―[...] a base econômica a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> fez seu trabalho <strong>de</strong> corrosão sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />
consciência.‖ (2004d, p.254)<br />
Havia, assim, que se alterar a consciência <strong>de</strong> todos para um outro e novo patamar: <strong>de</strong><br />
egoísta no capitalismo para solidária no comunismo. Com a consciência comunista mais<br />
aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> garantir-se-ia a pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> nova sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> construí<strong>da</strong> por todos durante a<br />
revolução socialista, on<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> então, os seres humanos <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong> buscar soluções<br />
individualistas para os seus problemas – haja vista a consciência que teriam <strong>da</strong> inter-relação<br />
do seu bem-estar com o bem-estar comum, fato que consagraria o interesse moral coletivista<br />
como o principal instrumento <strong>da</strong> transformação social.<br />
Além disso, somente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> consciência po<strong>de</strong>ria garantir a longevi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
a uma Revolução. Apenas com a compreensão e a introjeção <strong>de</strong> valores solidários e<br />
conhecimentos mais sólidos e profundos por todo o povo é que um processo <strong>de</strong> transformação<br />
radical po<strong>de</strong>ria ter um futuro mais garantido. Se a Revolução se limitasse ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
industrial e econômico, não se importando a que custo humano, ela ruiria assim que uma<br />
grave crise (<strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo, p. ex.) atingisse a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Daí a<br />
importância do estímulo que apela para uma consciência do todo – trazendo à tona a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
dos movimentos econômicos e políticos que <strong>de</strong>terminam a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Divi<strong>de</strong>-se e<br />
imputa-se a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma vi<strong>da</strong> mais rica (material, cultural e<br />
eticamente) a to<strong>da</strong> a massa.<br />
Desse modo, para se forjar o homem novo propugnado por Che, não se po<strong>de</strong>ria<br />
recorrer às velhas formas <strong>de</strong> estímulos (na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> do capital, o estímulo material<br />
individual). O novo homem cubano <strong>de</strong>veria ser criado a partir do apelo (do chamamento)<br />
moral, que representa uma categoria nova – cujo advento é provocado já na fase <strong>de</strong> transição<br />
– e que significa uma aquisição <strong>de</strong> consciência por parte dos indivíduos. ―Daí a importância<br />
<strong>de</strong> escolher corretamente o instrumento <strong>de</strong> mobilização <strong>da</strong>s massas. Esse instrumento <strong>de</strong>ve ser<br />
<strong>de</strong> índole fun<strong>da</strong>mentalmente moral, sem esquecer uma correta utilização do estímulo material,<br />
sobretudo <strong>de</strong> natureza social.‖ (GUEVARA, 2004d, p.254)<br />
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