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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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tornar-se, em forma mais universal, um po<strong>de</strong>r histórico-mundial. (1994,<br />

p.89, grifos do autor) 25<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> manufatura e do capitalismo industrial provocou uma alteração<br />

substancial no processo <strong>de</strong> estranhamento presente naquele momento na sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

humana: a partir <strong>de</strong> então, não só a ciência do seu caráter gregário (humani<strong>da</strong><strong>de</strong>) será estranha<br />

ao homem, como também a sua própria ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> (por não ser mais por ele concebi<strong>da</strong> –<br />

divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual – e <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong>) e o seu respectivo fruto lhe<br />

serão estranhos à medi<strong>da</strong> que não lhe pertencem, à medi<strong>da</strong> que aquela lhe é imposta e este lhe<br />

é alienado por um po<strong>de</strong>r exterior (à sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em si). A alienação capitalista propriamente<br />

dita surge neste contexto em que o capital inva<strong>de</strong> as oficinas e transforma a todos em<br />

proletários. O homem, a partir <strong>de</strong> então, <strong>de</strong>ve executar uma tarefa não concebi<strong>da</strong> por ele – a<br />

concepção pertence a outro ser e, portanto, não consegue mais i<strong>de</strong>ntificar-se na prática <strong>de</strong>la.<br />

O meio pelo qual a alienação proce<strong>de</strong> é ele próprio um meio prático. Pelo<br />

trabalho alienado o homem gera, portanto, não só a sua relação com o objeto<br />

e o ato <strong>da</strong> produção como homens estranhos e hostis a ele; gera também a<br />

relação na qual outros homens estão com a sua produção e o seu produto e a<br />

relação em que ele está com estes outros homens. (MARX, 1994, p.70, grifo<br />

do autor) 26<br />

Destarte, tão nociva à consciência dos trabalhadores quanto a imposição do caráter<br />

particularista <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> divisão social do trabalho foi a separação dos homens <strong>de</strong><br />

suas condições materiais <strong>de</strong> trabalho e a imposição do trabalho livre (<strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

meios <strong>de</strong> produção – não vinculado <strong>de</strong> modo vitalício a nenhum pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> terra ou patrão) 27 ,<br />

pois tal movimento possibilitou a subseqüente e já menciona<strong>da</strong> divisão entre concepção e<br />

execução nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção.<br />

Mesmo no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva sob o regime feu<strong>da</strong>l, o trabalhador era,<br />

na maior parte <strong>da</strong>s vezes, o proprietário dos meios através dos quais <strong>de</strong>senvolvia sua produção<br />

25 ―To<strong>da</strong> a riqueza se tornou riqueza industrial, riqueza do trabalho, e a indústria é o trabalho completado, assim<br />

como a essência fabril [é] a essência <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria, isto é, do trabalho, e o capital industrial é a<br />

figura objetiva torna<strong>da</strong> completa <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>. Conforme po<strong>de</strong>mos constatar agora, somente a<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong> [a partir <strong>de</strong> seu surgimento] po<strong>de</strong> exercer o seu pleno domínio sobre o homem e tornar-se,<br />

na forma mais universal, um po<strong>de</strong>r histórico mundial.‖ (MARX, 2004, p.102, grifos do autor)<br />

26 ―O meio pelo qual o estranhamento proce<strong>de</strong> é [ele] mesmo um [meio] prático. Através do trabalho estranhado<br />

o homem engendra, portanto, não apenas a sua relação com o objeto e o ato <strong>de</strong> produção enquanto homens que<br />

lhe são estranhos e inimigos; ele engendra também a relação na qual outros homens estão para a sua produção e<br />

o seu produto, e a relação na qual ele está para com outros homens.‖ (MARX, 2004, p.87, grifo do autor)<br />

27 As mu<strong>da</strong>nças nas relações <strong>de</strong> produção no campo, propiciando a expulsão <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> camponeses – que<br />

foram formar a massa <strong>de</strong> força <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sapropria<strong>da</strong> requeri<strong>da</strong>s pelo novo sistema produtivo – criaram o<br />

pano <strong>de</strong> fundo i<strong>de</strong>al e fun<strong>da</strong>mental para o aparecimento e consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>ste.<br />

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