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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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que os trabalhadores não tomem parte na elaboração <strong>de</strong> algo – a maioria fica restrita à parte<br />

prática dos projetos elaborados pelos dirigentes revolucionários e técnicos qualificados. Este<br />

fato proporciona a não i<strong>de</strong>ntificação integral (e, consequentemente, a não realização) do<br />

trabalhador com a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> – distante por não ser uma invenção <strong>de</strong> seu gênio. Conforme<br />

sentenciou Che (2004c, p.273): ―[...] ain<strong>da</strong> não <strong>de</strong>mos ao trabalho seu ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro sentido. Não<br />

fomos capazes <strong>de</strong> unir o trabalho com o objeto do seu trabalho.‖<br />

Che chega a apontar em 1964 a Revolução Cubana como a primeira experiência <strong>de</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira construção socialista <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e pon<strong>de</strong>ra que, mesmo assim – e não obstante<br />

ter o homem como centro objetivo <strong>de</strong> todo processo revolucionário, ela não conseguiu acabar<br />

com a tendência do modo <strong>de</strong> produção anterior <strong>de</strong> transformar o operário em máquina ou em<br />

um simples apêndice <strong>de</strong>la. De acordo com Guevara (1982h, p.66):<br />

[...] construímos, pela primeira vez no mundo – creio que se po<strong>de</strong> dizer sem<br />

petulância – um sistema marxista, socialista, coerente ou quase coerente, em<br />

cujo centro colocamos o homem, em que se fala do indivíduo, <strong>da</strong> pessoa, e<br />

<strong>da</strong> importância que tem como fator essencial <strong>da</strong> Revolução. E, em<br />

compensação, não somos capazes <strong>de</strong> conseguir que esse homem dê tudo o<br />

que po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r; ten<strong>de</strong>mos a torná-lo máquina.<br />

Guevara insiste ain<strong>da</strong> que, a <strong>de</strong>speito dos avanços econômicos e sociais trazidos pela<br />

Revolução, o novo sistema precisa ser mais humanizado – e isso passa, obrigatoriamente,<br />

segundo Che, pela questão <strong>da</strong> consciência. Quando se é consciente, se coloca algo mais do<br />

que a simples força <strong>de</strong> trabalho sobre a tarefa, acrescenta-se o fator humani<strong>da</strong><strong>de</strong> e to<strong>da</strong>s as<br />

características que a compõem (criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, inventivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, paixão, sentimento, razão, bom-<br />

senso etc.). O trabalho consciente é o trabalho humanizado, não mais mecanizado (aquele sem<br />

o espírito do trabalhador). Conforme <strong>de</strong>finiu Che (1982h, p.67): ―Temos disciplina, temos<br />

quadros conscientes, temos um trabalho em geral sério, em geral maduro, porém, eu diria, um<br />

pouco <strong>de</strong>sumanizado. Temos que proporcionar-lhe este conteúdo humano para que seja<br />

completo, então realizaremos um salto <strong>de</strong> proporções imprevisíveis.‖<br />

Destarte, o homem novo é um homem ain<strong>da</strong> em construção/transformação, ca<strong>da</strong> vez<br />

mais consciente e em franco processo <strong>de</strong> emancipação. Dedica-se ao que é <strong>de</strong>terminado pela<br />

vanguar<strong>da</strong> <strong>de</strong> um modo consciente, sabendo <strong>da</strong> importância e do valor para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua<br />

tarefa. Se os fatos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>arem-se como o esperado na transição capitalismo-comunismo –<br />

mediante muito trabalho baseado em uma teorização comunista conseqüente e radical –, o<br />

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