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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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socialista <strong>da</strong> revolução já <strong>de</strong>monstraria a existência <strong>de</strong> condições objetivas para concretizar a<br />

edificação do socialismo naquele cenário. Isto é, se a vanguar<strong>da</strong> do povo tinha chegado ao<br />

po<strong>de</strong>r e estipulado o socialismo como sistema econômico e social a organizar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

cubana, tal fato já era a comprovação <strong>de</strong> que havia em Cuba to<strong>da</strong>s as condições materiais para<br />

a construção e consoli<strong>da</strong>ção do socialismo.<br />

144<br />

[...] chegamos à conclusão <strong>de</strong> que em Cuba se fez uma Revolução Socialista<br />

e que, portanto, havia condições para isso. Porque realizar uma revolução<br />

sem condições, chegar ao po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>cretar o socialismo por arte <strong>da</strong> magia é<br />

algo que não está previsto por teoria alguma [...]. Se ocorre o fato concreto<br />

do nascimento do socialismo nestas novas condições, é que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s forças produtivas se chocou com as relações <strong>de</strong><br />

produção antes do racionalmente esperado para um país capitalista isolado.<br />

(GUEVARA, 1982d, p.263, grifos nossos)<br />

Destarte, a simples <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> que Cuba era socialista já evi<strong>de</strong>nciava, segundo<br />

Guevara, que haviam condições materiais suficientemente <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s para que os cubanos<br />

vivessem em um sistema econômico e social ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente socialista. Assim, naquele<br />

momento (meados <strong>de</strong> 1960), era possível afirmar que o socialismo estava consoli<strong>da</strong>do como<br />

um ―fato concreto‖(sic) na ilha. Porém, cabe o questionamento: como um país vítima, por<br />

mais <strong>de</strong> 400 anos, <strong>de</strong> uma exploração colonial que jamais propiciou um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

industrial – o sistema econômico era baseado quase que tão-somente na monocultura e<br />

exportação <strong>de</strong> produtos primários – po<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar-se suficientemente <strong>de</strong>senvolvido para se<br />

auto-proclamar socialista? 83<br />

É provável que o maior legado teórico <strong>de</strong> Che tenha sido a dura crítica que faz à<br />

tentativa <strong>de</strong> se criar mo<strong>de</strong>los herméticos <strong>de</strong> revolução socialista a partir <strong>da</strong> teoria marxista.<br />

Segundo ele, não se po<strong>de</strong>ria per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista, mesmo baseando-se em algumas ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

comprova<strong>da</strong>mente absolutas, as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s que conformavam ca<strong>da</strong> etapa histórica. A<br />

construção do socialismo nunca será igual em dois lugares – terá (e irá) respon<strong>de</strong>r às<br />

83 A esse respeito, Florestan Fernan<strong>de</strong>s, em conhecido estudo <strong>da</strong> Revolução Cubana, assevera:―Dá-se por suposto<br />

um avanço que <strong>de</strong>veria ser realizado e por existentes condições que <strong>de</strong>veriam ser cria<strong>da</strong>s. O estado socialista e o<br />

planejamento, como reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s históricas plenamente constituí<strong>da</strong>s, mal se anunciavam no horizonte. Os<br />

revolucionários pensavam à luz do futuro e queriam mo<strong>de</strong>lar o presente por ele.‖ (FERNANDES, 1979, p.149).<br />

Karl Marx, em carta a Pavel Annenkov <strong>de</strong> 1846, sentenciou: ―Po<strong>de</strong>m os homens eleger esta ou aquela forma<br />

social? Na<strong>da</strong> disso. A um <strong>de</strong>terminado nível do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s forças produtivas dos homens correspon<strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> forma <strong>de</strong> comércio e consumo. A <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> produção, do<br />

comércio, do consumo correspon<strong>de</strong>m <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> organização social, uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> organização<br />

<strong>da</strong> família, <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s sociais ou <strong>da</strong>s classes; em síntese: uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil.‖

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