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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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que todos participassem <strong>de</strong> tudo – na<strong>da</strong> sendo <strong>de</strong>legado a outrem e simplesmente esquecido.<br />

Logo abaixo, conclama e exalta a participação popular consciente:<br />

Porque se <strong>de</strong>ve haver pressão <strong>da</strong>s massas e uma série <strong>de</strong> coisas, porque as<br />

massas têm <strong>de</strong> ter interesse em saber o que é um plano econômico, o que é a<br />

industrialização, o que compete a ca<strong>da</strong> fábrica, o que é o seu <strong>de</strong>ver, [...] o<br />

que são os interesses <strong>da</strong> classe operária em ca<strong>da</strong> fábrica. Todos esses são<br />

problemas que têm <strong>de</strong> agitar as massas.<br />

A massa tem <strong>de</strong> estar constantemente a par do que se passas em seu centro<br />

<strong>de</strong> trabalho e relacioná-lo com a vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a nação. (GUEVARA, 1982a,<br />

p.51)<br />

É<strong>de</strong>r Sa<strong>de</strong>r comenta a respeito do hipotético temor <strong>de</strong> Che <strong>de</strong> reproduzir a experiência<br />

russa em território cubano – <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se <strong>da</strong>í a ausência <strong>de</strong> estímulos à criação <strong>de</strong><br />

organizações <strong>de</strong> massa que po<strong>de</strong>riam, eventualmente, redun<strong>da</strong>r em uma extrema<br />

burocratização <strong>de</strong> todo o sistema. A<strong>de</strong>mais, Che e o governo revolucionário só não diminuíam<br />

a centralização <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões econômicas e políticas pela vanguar<strong>da</strong> porque acreditavam que<br />

alguns quadros (e a população em geral) não tinham ain<strong>da</strong> a necessária formação i<strong>de</strong>ológica,<br />

teórica e técnica pra coman<strong>da</strong>r todo o processo <strong>de</strong> transformação radical <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Desse modo, a organização social em conselhos, comitês ou assembléias populares<br />

parece não ser, à primeira vista, uma prática patrocina<strong>da</strong> pelo governo revolucionário. Este<br />

que, principalmente através <strong>de</strong> Che e Fi<strong>de</strong>l, utilizava táticas educacionais e morais para tornar<br />

exeqüível a hercúlea missão <strong>de</strong> excluir completamente os valores burgueses (egoísmo,<br />

individualismo etc.) ain<strong>da</strong> presentes na população cubana que tentava construir a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

socialista. Guevara acreditava na eficácia do método que o governo usava para interagir com<br />

o povo naquele momento. Principalmente nas gran<strong>de</strong>s concentrações públicas, on<strong>de</strong> Che<br />

afirmava haver um ―diálogo <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>‖ entre Fi<strong>de</strong>l e a massa. Sentenciou:<br />

Fi<strong>de</strong>l é mestre nisso e seu modo particular <strong>de</strong> integração com o povo só po<strong>de</strong><br />

ser apreciado vendo-o atuar. [...] O que fica difícil enten<strong>de</strong>r para quem não<br />

vive a experiência <strong>da</strong> revolução é essa estreita uni<strong>da</strong><strong>de</strong> dialética existente<br />

entre o indivíduo e a massa, em que ambos se inter-relacionam, e a massa<br />

por sua vez, enquanto conjunto <strong>de</strong> indivíduos, se inter-relaciona com os<br />

dirigentes. (GUEVARA, 2004d, p. 250-1)<br />

Outro ponto que talvez explique a vacilação <strong>de</strong> Guevara em relação a eventuais<br />

atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estímulo à criação <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong>cisórios <strong>de</strong> massa surge concomitantemente<br />

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