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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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Para a consecução <strong>da</strong> emancipação do trabalho e conseqüente advento do homem<br />

novo, os meios <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>veriam, obviamente, ser <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> social. A máquina<br />

passaria a se sujeitar aos ditames dos homens – o trabalhador não seria mais submisso ao<br />

ritmo <strong>de</strong> seus processos tendo que a ele a<strong>da</strong>ptar-se como mais uma simples peça <strong>de</strong><br />

engrenagem. Ela <strong>de</strong>veria ser, primordialmente, o instrumento através do qual os seres<br />

humanos po<strong>de</strong>riam materializar algo concebido por eles, algo que tenha emanado <strong>de</strong> seu<br />

espírito criador – reflexo material externo <strong>de</strong> seu interior. Como a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fazê-lo e a<br />

concepção do produto partiram do próprio homem, o novo trabalhador exerce a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

livremente, não a pratica ―simplesmente‖ para po<strong>de</strong>r sobreviver. Ele optou, conscientemente,<br />

por assim fazer, como um <strong>de</strong>ver social e não mais um sacrifício.<br />

O homem começa a libertar seu pensamento <strong>da</strong> obrigação penosa que tinha<br />

<strong>de</strong> satisfazer suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s animais através do trabalho. Ele começa a se<br />

ver retratado em sua obra e a compreen<strong>de</strong>r sua magnitu<strong>de</strong> humana através do<br />

objeto criado, do trabalho realizado. [...] significa uma emanação <strong>de</strong> si<br />

mesmo, uma contribuição à vi<strong>da</strong> comum, em que se reflete; o cumprimento<br />

do seu <strong>de</strong>ver social. (GUEVARA, 2004d, p.258)<br />

Nesse auge do processo emancipatório o homem atinge a sua ―plena condição<br />

humana‖, pois age usando o raciocínio e a consciência (prerrogativas exclusivamente<br />

humanas) para <strong>de</strong>cidir-se sobre algo, ao invés <strong>de</strong> portar-se bestial e animalescamente tentando<br />

satisfazer as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fisiológicas a todo custo. Nesse ponto, os seres humanos já<br />

praticam o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro trabalho voluntário, ―embasado na concepção marxista <strong>de</strong> que o<br />

homem realmente alcança a sua plena condição humana quando produz sem a compulsão <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>de</strong> se ven<strong>de</strong>r como mercadoria.‖ (GUEVARA, 2004d, p.258)<br />

Che sabia que em Cuba os trabalhadores ain<strong>da</strong> não haviam alcançado tal estágio <strong>de</strong><br />

emancipação. Havia coerção até nos programas <strong>de</strong> trabalho voluntário i<strong>de</strong>alizados por ele,<br />

haja vista que muitos cubanos só se <strong>de</strong>dicavam a tal iniciativa apenas por existir uma coação<br />

(em forma <strong>de</strong> pressão) do meio, e não por ter já introjetado os novos valores e as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

urgentes <strong>da</strong> Revolução. O objetivo <strong>de</strong> Che era que o homem agisse livremente, <strong>de</strong>cidindo tudo<br />

mediante reflexão e pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> idéias – não sendo jamais impelido tão-somente por um<br />

tipo <strong>de</strong> pressão moral ou física (fome, p.ex.) externa. Sobre o trabalhador <strong>da</strong> Cuba pós-<br />

revolução, Che afirmou: ―Ain<strong>da</strong> lhe falta conseguir a plena recriação espiritual diante <strong>de</strong> sua<br />

obra, sem a pressão direta do meio social, mas ligado a ele pelos novos hábitos. Isto será o<br />

comunismo.‖ (GUEVARA, 2004d, p.259)<br />

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