17.04.2013 Views

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que ele não lhe pertence, em que nele não pertence a si próprio mas a um<br />

outro. [...] a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do operário não é a sua auto-ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ela pertence a<br />

um outro... (MARX, 1994, p.65) 29<br />

Na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> industrializa<strong>da</strong>, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalhador é incessantemente parcela<strong>da</strong> –<br />

graças ao objetivo capitalista <strong>de</strong> acumulação infinita –, o que resultará num ca<strong>da</strong> vez maior<br />

esvaziamento do conteúdo <strong>da</strong> mesma. Cabe aqui ressaltar que, além <strong>da</strong> divisão entre trabalho<br />

intelectual e trabalho manual, há na etapa específica <strong>da</strong> execução um constante dividir <strong>de</strong><br />

tarefas que acaba por torná-las ca<strong>da</strong> vez mais simplórias e <strong>de</strong>sinteressantes 30 – haja vista to<strong>da</strong><br />

a potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> criativa dos seres humanos. A per<strong>da</strong> gra<strong>da</strong>tiva <strong>de</strong> conteúdo e sentido <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> individual <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> operário é óbvia e notória, juntamente ao fato do homem se<br />

portar ca<strong>da</strong> vez mais claramente como uma simples peça, como um simples apêndice <strong>da</strong><br />

máquina justaposta em sua frente. Esse fato fará com que o trabalhador, com a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

extremamente simplifica<strong>da</strong> e especializa<strong>da</strong>, fique completamente refém <strong>da</strong>s arbitrarie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

capitalistas – haja vista sua falta <strong>de</strong> aptidão e preparo para <strong>de</strong>senvolver outra função na<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Enquanto a divisão do trabalho eleva a força produtiva do trabalho, a riqueza<br />

e o refinamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ela empobrece o operário até a condição <strong>de</strong><br />

máquina. Enquanto o trabalho provoca o amontoamento <strong>de</strong> capitais e, com<br />

isso a crescente prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ela torna o operário ca<strong>da</strong> vez<br />

mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do capitalista... (MARX, 1994, p.19) 31<br />

O trabalho especializado e ―<strong>de</strong>squalificado‖ reduz, assim, to<strong>da</strong>s as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana a uma só, totalmente simplória, vazia <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e,<br />

consequentemente, interesse. O trabalhador é ―corpórea e espiritualmente reduzido à máquina<br />

– e <strong>de</strong> homem a uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> abstrata e a um estômago‖, além disso, torna-se, como<br />

acabamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar, ―ca<strong>da</strong> vez mais puramente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do trabalho, e <strong>de</strong> um trabalho<br />

29 ―O trabalho externo, o trabalho no qual o homem se exterioriza, é um trabalho <strong>de</strong> auto-sacrifício, <strong>de</strong><br />

mortificação. [...] a externali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Äusserlichkeit) do trabalho aparece para o trabalhador como se [o trabalho]<br />

não lhe pertencesse, como se ele no trabalho não pertencesse a si mesmo, mas a um outro. [...] a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

trabalhador não é a sua auto-ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ela pertence a outro...‖ (MARX, 2004, p.83)<br />

30 ―O advento <strong>da</strong>s máquinas, culminado pelo estabelecimento <strong>da</strong> Revolução Industrial, propiciou a centralização<br />

do processo <strong>de</strong> concepção em pequenos grupos <strong>de</strong> cientistas, que estu<strong>da</strong>vam a elaboração <strong>de</strong> novos<br />

equipamentos para substituir a mão-<strong>de</strong>-obra do trabalhador nas fábricas, ao mesmo tempo que estu<strong>da</strong>vam<br />

também como limitar e parcializar ca<strong>da</strong> vez mais as tarefas dos operários – a consecução <strong>de</strong>sse objetivos foi<br />

efetiva<strong>da</strong> e redundou numa progressivamente maior imbecilização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do operário intra-fábrica.‖<br />

(SILVA, <strong>Newton</strong> F., op. cit., p.16)<br />

31 ―Enquanto a divisão do trabalho eleva a força produtiva do trabalho, a riqueza e o aprimoramento <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ela empobrece o trabalhador até [a condição <strong>de</strong>] máquina. Enquanto o trabalho suscita o acúmulo <strong>de</strong><br />

capitais e, com isso, o progressivo bem-estar <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a divisão do trabalho mantém o trabalhador sempre<br />

mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do capitalista...‖ (MARX, 2004, p.29)<br />

37

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!