Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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<strong>de</strong>sses novos homens e mulheres com a consciência socialista, que se moveriam por força <strong>de</strong><br />
estímulos morais e por meio <strong>da</strong> compreensão do <strong>de</strong>ver social que nutririam em relação à<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Guevara (2004f, p.240), sentenciou: ―O estímulo moral, a criação <strong>de</strong> uma nova<br />
consciência socialista é o ponto em que <strong>de</strong>vemos nos apoiar, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vemos chegar e ao qual<br />
<strong>de</strong>vemos <strong>da</strong>r ênfase‖.<br />
Destarte, mesmo com a permanência transitória dos estímulos materiais havia que se<br />
acelerar o processo <strong>de</strong> sua extinção completa mediante educação e conscientização <strong>da</strong>s<br />
massas. ―Quanto à presença sob uma forma individualiza<strong>da</strong> do interesse material, nós a<br />
reconhecemos (embora lutando contra ela e tentando acelerar a sua liqui<strong>da</strong>ção através <strong>da</strong><br />
educação)... Aceitamos esta concepção como o mal necessário <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> transição...‖<br />
(GUEVARA, 1982i, p.192)<br />
Che apontava, inclusive, a permanência do estímulo material pós-NEP (Nova Política<br />
Econômica) como um dos principais fatores <strong>de</strong> contradição (e pressão pró-regresso<br />
capitalista) encontrados no socialismo soviético. Ao criticar o mo<strong>de</strong>lo socialista <strong>da</strong> URSS<br />
baseado no sistema <strong>de</strong> auto-gestão financeira, na reinstalação do mercado e na utilização<br />
contumaz e trivial dos estímulos materiais, Che assim <strong>de</strong>finiu a significação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />
estímulo para aqueles que buscavam construir uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente socialista:<br />
―[...] e assim ficou constituído o gran<strong>de</strong> cavalo <strong>de</strong> Tróia do socialismo: o interesse material<br />
direto como alavanca econômica.‖ (GUEVARA apud PÉREZ, 2001, p.107).<br />
Segundo Guevara, em momentos <strong>de</strong> crise do sistema soviético, os russos não<br />
recorriam à raiz, a Marx, mas sim e tão-somente aos ―últimos‖ Lênin que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, seriam<br />
uma resposta prática a alguns problemas imediatos do início <strong>da</strong> Revolução <strong>de</strong> Outubro. A sua<br />
teoria geral prévia (produzi<strong>da</strong>, principalmente, antes dos anos 1920) não era, para infortúnio<br />
do sistema que se aspirava construir, a mais consulta<strong>da</strong>. Desse modo, sempre se lançava mão<br />
do Lênin mais pragmático, que respondia às vicissitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um movimento revolucionário<br />
radical encontrado ain<strong>da</strong> no seu nascedouro. Nos anos 1950-60 as circunstâncias eram outras,<br />
porém, o livro-guia dos soviéticos continuou sendo o dos escritos <strong>de</strong> Lênin que permitiam a<br />
permanência <strong>de</strong> algumas categorias capitalistas no estágio primeiro do socialismo russo. A<br />
NEP acabou se tornando o manual (referência) para to<strong>da</strong>s as épocas, quando, <strong>de</strong> fato, a teoria<br />
lá refleti<strong>da</strong> referia-se e remetia-se a um período <strong>de</strong> tempo muito específico <strong>da</strong> Revolução<br />
Bolchevique <strong>de</strong> 1917, a saber, a transição para o socialismo em um contexto <strong>de</strong> economia<br />
sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, com base no campo e entremea<strong>da</strong> por um conflito bélico internacional e por<br />
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