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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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seria transforma<strong>da</strong> pela consciência dos problemas e <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Revolução e não,<br />

ao menos naqueles primeiros momentos revolucionários, por uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva<br />

radicalmente diferente – diferente principalmente no que tange a um novo modo <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>senvolver e organizar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana e a produção social.<br />

Ao abrir mão <strong>de</strong> estratégias políticas, como a criação <strong>de</strong> conselhos <strong>de</strong> operários e <strong>de</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> Revolução Cubana – encabeça<strong>da</strong> por Che e Fi<strong>de</strong>l – acaba por<br />

não estimular a contento a participação direta <strong>da</strong> população nas discussões concernentes à sua<br />

vi<strong>da</strong> e à vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> nação. O super-po<strong>de</strong>r apregoado à vanguar<strong>da</strong> consciente <strong>de</strong> impulsionar a<br />

apreensão dos novos valores pelos outros agentes sociais, parece ser a contraparti<strong>da</strong> <strong>de</strong> um<br />

vilipêndio <strong>de</strong>stinado – por essa mesma vanguar<strong>da</strong> – àquelas contribuições teóricas que<br />

versavam sobre os problemas <strong>da</strong> transição e, especificamente, a respeito <strong>da</strong>queles<br />

concernentes ao <strong>de</strong>senvolvimento dos coletivos <strong>de</strong> representação política <strong>da</strong>s revoluções<br />

socialistas pretéritas 81 .<br />

Insistindo na importância <strong>da</strong> centralização <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões políticas e econômicas em<br />

torno <strong>de</strong> um Estado controlador, Che parece não ver no trabalhador coletivo consciente a<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coman<strong>da</strong>r to<strong>da</strong> a transformação social que propugnava e buscava junto com<br />

Fi<strong>de</strong>l. A relação entre a vanguar<strong>da</strong> e a população se estabelece <strong>de</strong> forma mais unilateral do<br />

que bilateral, apesar <strong>da</strong>s diversas iniciativas do governo revolucionário que buscavam criar<br />

mecanismos <strong>de</strong> interação e comunicação com as massas. O próprio fato anterior <strong>de</strong> não<br />

enxergar no trabalhador coletivo a força capaz e necessária para se fazer avançar a revolução,<br />

impele Guevara a essas diretrizes referentes à concentração do planejamento e <strong>da</strong> organização<br />

<strong>da</strong> economia em torno <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong>. Diante <strong>de</strong>sse quadro por ele visto, Che opta por<br />

intensificar a questão moral, ética e do exemplo para dinamizar o processo <strong>de</strong> transição<br />

socialista – ain<strong>da</strong> parecendo enxergar os trabalhadores <strong>de</strong> maneira individualiza<strong>da</strong> e não como<br />

um coletivo potencialmente consciente e revolucionário 82 .<br />

81 ―Procurando evitar as <strong>de</strong>formações do mo<strong>de</strong>lo soviético é expressivo que o Che não tenha feito uso <strong>da</strong>s<br />

contribuições <strong>de</strong> to<strong>da</strong> uma experiência teórica e prática dos conselhos operários como fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong><br />

transformação <strong>da</strong>s relações sociais.‖ (SADER, 2004, p. 48)<br />

82 ―Por não ver no trabalhador coletivo consciente uma nova categoria social, ela sim a própria <strong>de</strong>finição do<br />

socialismo, a transição pensa<strong>da</strong> navega sem margens e sem objeto, embora firme nas intenções, em seus<br />

objetivos maiores. Estamos ain<strong>da</strong> nos marcos do indivíduo, do homem e <strong>de</strong> sua nova e necessária moral,<br />

permanecemos ain<strong>da</strong> nos marcos <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do homem novo e não do trabalhador consciente como reitor<br />

dos novos tempos. Este, entretanto, só se constitui enquanto categoria autônoma, força simultaneamente<br />

econômica, política, cultural em contraposição ao Estado, com o qual está e permanecerá em tensão [...].<br />

Guevara não resolve a questão, apesar <strong>de</strong> apontar a quilha no rumo certo, o que, aliás, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um<br />

gran<strong>de</strong> mérito.‖ (LIMA FILHO, 1997, mimeo)<br />

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