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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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É muito provável que Che Guevara e a vanguar<strong>da</strong> revolucionária cubana, ao<br />

estruturarem a base do seu socialismo sob os <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> um Estado controlador e<br />

centralizador <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões (ain<strong>da</strong> assim revolucionário), estivessem respon<strong>de</strong>ndo às<br />

vicissitu<strong>de</strong>s e contingências <strong>da</strong>quele contexto histórico <strong>de</strong>terminado 58 . A priori, o que se<br />

buscou criar foi, ao menos, um mecanismo <strong>de</strong> relacionamento Estado-população <strong>de</strong> mão-<br />

dupla, cuja sensação e <strong>de</strong>terminação do proletariado eram reverbera<strong>da</strong>s no sentido do<br />

governo, até serem escuta<strong>da</strong>s pela vanguar<strong>da</strong> que coman<strong>da</strong>va o processo <strong>de</strong> transformação.<br />

Mantinha-se a idéia <strong>de</strong> que a população (e, mais especificamente, a classe trabalhadora) não<br />

teria condições i<strong>de</strong>ológicas (além dos <strong>de</strong>mais problemas objetivos) <strong>de</strong> construir o novo<br />

sistema apenas com as suas próprias mãos e sem uma direção clara – não, ao menos, naquela<br />

fase primeira fase <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Revolução. ―O grupo <strong>de</strong> vanguar<strong>da</strong> é i<strong>de</strong>ologicamente<br />

mais avançado que a massa; esta conhece os novos valores, mas insuficientemente.‖<br />

(GUEVARA, 2004d, p. 256)<br />

Ato contínuo, tornar-se-ia imprescindível a presença <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> intelectual (situa<strong>da</strong><br />

no governo e no partido) para <strong>da</strong>r os primeiros passos do processo rumo à vitória do<br />

socialismo em Cuba. A intelligentsia cubana revolucionária tinha que coman<strong>da</strong>r o processo <strong>de</strong><br />

transformar to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em uma gran<strong>de</strong> escola, através <strong>de</strong> seus exemplos e do estímulo<br />

ao estudo político-histórico e técnico-científico. ―Os homens do partido <strong>de</strong>vem assumir essa<br />

tarefa e tentar conseguir o objetivo principal: educar o povo.‖ (GUEVARA, 2004d, p. 261)<br />

A importância mais que essencial do exemplo <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> – ain<strong>da</strong> que minoritária,<br />

mas cujo mérito principal dos dirigentes revolucionários que a ela pertenciam era o <strong>de</strong> saber<br />

interpretar os anseios <strong>da</strong>s massas, que sempre retribuíam com confiança em seus projetos e<br />

proposições – para inspirar a nova consciência socialista (que tinha que se realizar objetiva e<br />

materialmente mediante novos hábitos solidários e revolucionários) dos trabalhadores<br />

cubanos surge mais <strong>de</strong> uma vez no pensamento <strong>de</strong> Che Guevara. A esse respeito <strong>de</strong>finiu:<br />

O partido é o exemplo vivo: seus quadros <strong>de</strong>vem <strong>da</strong>r aulas <strong>de</strong> labor e<br />

sacrifício, <strong>de</strong>vem levar, com sua ação, as massas até o fim <strong>da</strong> tarefa<br />

revolucionária, o que implica anos <strong>de</strong> luta contra as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />

58 Florestan Fernan<strong>de</strong>s tece críticas a essa débil (ou ausente) institucionali<strong>da</strong><strong>de</strong> revolucionária <strong>de</strong> parca<br />

representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular, sugerindo e instando uma nova estruturação política, mais afeita e afim ao i<strong>de</strong>ário<br />

marxista, nas relações massas-vanguar<strong>da</strong>: ―[...] mesmo sem encarnar uma forma essencialmente <strong>de</strong>mocrática <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão, a solução preferi<strong>da</strong> po<strong>de</strong>ria ser mais ou menos coerente com os princípios do marxismo-leninismo (este<br />

mais ou menos significa não flutuação nos princípios, mas a<strong>da</strong>ptação <strong>de</strong>les às condições reais imperantes).‖<br />

(FERNANDES, 1979, p.224)<br />

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