Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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sabendo o seu sentido e significado, caso contrário, estaria reproduzindo o mesmo trabalho<br />
alienado e estranhado típico do modo <strong>de</strong> produção capitalista. Estaria, finalmente,<br />
respon<strong>de</strong>ndo apenas a estímulos <strong>de</strong> outrem, não sendo aquela sua prática uma objetivação <strong>de</strong><br />
sua vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> sua consciência e, portanto, <strong>de</strong> sua humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. Conforme afirmou Guevara<br />
(1982h, p.67):<br />
115<br />
Que o homem se sinta impelido ao trabalho por <strong>de</strong>terminação interna própria<br />
ou então pelo ambiente que o ro<strong>de</strong>ia são coisas diferentes... O ambiente <strong>de</strong>ve<br />
aju<strong>da</strong>r o homem a sentir interiormente esta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas se for só<br />
ambiente, se se trata apenas <strong>de</strong> uma pressão moral que o empurra, então<br />
também no trabalho voluntário continuará sua própria alienação; quer dizer,<br />
não realizará algo seu, algo novo feito em liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Continuará sendo<br />
escravo do trabalho.<br />
Por conseguinte, Che sempre frisou e ressaltou que exclusivamente <strong>de</strong>veriam trabalhar<br />
(voluntariamente) aqueles que queriam <strong>de</strong> fato, aqueles que não tivessem sido coagidos por<br />
uma força externa e/ou ―superior‖ apenas. O esperado era que os novos a<strong>de</strong>ptos tivessem sido<br />
contagiados pelo clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação e pela consciência mais avança<strong>da</strong> dos praticantes <strong>de</strong>sse<br />
tipo <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> 68 . Por outro lado, alertava para que aquele reconhecimento expressado nas<br />
cerimônias <strong>de</strong> entrega dos Certificados <strong>de</strong> Trabalho Comunista, não fosse interpretado como<br />
um ato <strong>de</strong> menosprezo e <strong>de</strong>sprestígio aos outros trabalhadores. Afirmava que todos estavam<br />
colaborando para a construção <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> socialista, mas os voluntários estavam<br />
fazendo um esforço adicional para o cumprimento <strong>de</strong>ssa difícil e longa empreita<strong>da</strong>. Guevara<br />
parecia <strong>de</strong>monstrar preocupação em não provocar nenhuma espécie <strong>de</strong> divisão (através <strong>de</strong><br />
colocação <strong>de</strong> rótulos e classificações) entre os trabalhadores. Assim <strong>de</strong>finiu (1982e, p.144):<br />
[...] o trabalho voluntário serve para to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas serve<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente para o indivíduo, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> consciência<br />
<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Somente quem quer fazê-lo <strong>de</strong>ve fazê-lo, e quem não quiser<br />
fazê-lo não terá <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> cumprir com seu <strong>de</strong>ver. Simplesmente não terá<br />
cumprido com o <strong>de</strong>ver extra que os mais entusiastas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> impõem a<br />
si mesmos. Que isso fique bem claro, para que ninguém se sinta incomo<strong>da</strong>do<br />
por estes certificados e para que ninguém se sinta extremamente envai<strong>de</strong>cido<br />
com ele, senão como uma mostra <strong>de</strong> que cumpriu plenamente seu <strong>de</strong>ver para<br />
68 A ditadura do proletariado cubano <strong>de</strong>veria exercer, segundo Che, uma pressão ―positiva‖ sobre o povo para<br />
que este <strong>de</strong>senvolvesse a sua consciência ininterruptamente. Definiu: ―[...] <strong>de</strong>vem ser submetidos a estímulos e<br />
pressões <strong>de</strong> certa intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>...‖ (GUEVARA, 2004d, p.256)