Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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As falhas do passado se transmitem até o presente na consciência individual<br />
e há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um trabalho contínuo para erradicá-las.<br />
O processo é duplo: por um lado, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> atua com a sua educação direta<br />
e indireta; por outro lado, o indivíduo se submete a um processo consciente<br />
<strong>de</strong> auto-educação. (GUEVARA, 2004d, p.252)<br />
Des<strong>de</strong> a empresa guerrilheira em Sierra Maestra, Che já <strong>de</strong>monstrava gran<strong>de</strong><br />
preocupação com a questão <strong>da</strong> educação como ferramenta para elevar o grau <strong>de</strong><br />
conscientização dos seus subordinados. Criou boletins e jornais que divulgavam o que estava<br />
acontecendo naquele período em Cuba e que, concomitantemente, contribuíam para a<br />
formação cultural e i<strong>de</strong>ológica dos guerrilheiros e agricultores <strong>da</strong> região. ―El Cubano Libre‖<br />
foi a primeira publicação <strong>de</strong>sse naipe organiza<strong>da</strong> sob a sua direção – entre julho e <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1957 circularam 3 ou 4 números <strong>de</strong>sse boletim. Guevara procurava, com tais iniciativas,<br />
estimular aquela ―revolução que se processava nos hábitos e mentes‖ (2004d, p.248) dos<br />
revolucionários <strong>da</strong> zona beligerante. Todos que participaram <strong>da</strong>quela guerra <strong>de</strong> guerrilhas<br />
tiveram a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se auto-transformar profun<strong>da</strong>mente.<br />
Obviamente, para Che, a formação intelectual <strong>de</strong> uma pessoa não po<strong>de</strong>ria ser<br />
con<strong>de</strong>nsa<strong>da</strong> apenas em periódicos informativos como o supracitado – tinha plena ciência que<br />
a formação regular em instituições <strong>de</strong> ensino era fun<strong>da</strong>mental para a emancipação cultural <strong>de</strong><br />
todos –, por isso também criou escolas nos acampamentos em que se concentrava a coluna<br />
por ele coman<strong>da</strong><strong>da</strong>. Fi<strong>de</strong>l assim sentenciou: ―Che começou imediatamente, claro, a organizar<br />
aulas para todos aqueles camponeses, a montar escolas ali, e a instruir o pessoal. Como<br />
primeira tarefa <strong>de</strong> chefe militar, queria fazer seu programa <strong>de</strong> alfabetização e ensinar to<strong>da</strong><br />
aquela gente.‖ (RAMONET, 2006, p.187)<br />
Após a toma<strong>da</strong> do po<strong>de</strong>r em janeiro <strong>de</strong> 1959, Che passou a propugnar que a principal<br />
missão do Exército Rebel<strong>de</strong> era ser guardião e <strong>de</strong>fensor <strong>da</strong>s conquistas obti<strong>da</strong>s pela<br />
Revolução Cubana. Afirmava que, para tanto, mais do que disciplina militar, os sol<strong>da</strong>dos<br />
<strong>de</strong>veriam ter claro o sentido dos objetivos do processo revolucionário. Era <strong>de</strong> suma<br />
importância que todos os cubanos, especialmente os militares vinculados direta e<br />
cotidianamente na <strong>de</strong>fesa arma<strong>da</strong> <strong>da</strong> Revolução, soubessem o significado real <strong>da</strong>quilo que<br />
estavam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo com as suas vi<strong>da</strong>s expostas nas linhas <strong>de</strong> frente. Deveriam ter<br />
consciência <strong>da</strong> significância dos seus atos (assim como todos os trabalhadores ao<br />
<strong>de</strong>sempenhar as suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas em Cuba).<br />
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