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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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[...] não há outra saí<strong>da</strong>, outra maneira <strong>de</strong> interpretar os fatos, não há outra<br />

forma <strong>de</strong> atuar, para um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro revolucionário, consciente <strong>de</strong> seus<br />

<strong>de</strong>veres e ao mesmo tempo querendo triunfar no menor espaço <strong>de</strong> tempo<br />

possível, não há outro caminho senão o apoio total, irrestrito na classe<br />

operária, seguindo suas orientações, auscultando suas opiniões, auscultando<br />

suas emoções e tentando – pelo menos em algum momento – interpretar<br />

talvez um pouco melhor a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, para or<strong>de</strong>nar ou introduzir alguma<br />

pequena mu<strong>da</strong>nça no caminho. (GUEVARA, 1982g, p. 148)<br />

Guevara temia que a burocratização e o sectarismo dificultassem essa apreensão dos<br />

anseios populares pela vanguar<strong>da</strong>; temia que a voz do povo – ―que é a voz mais sábia e mais<br />

orientadora‖ – não chegasse aos ouvidos dos dirigentes <strong>da</strong> revolução. Assim, Che queria<br />

aumentar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos veículos <strong>de</strong> expressão entre o povo e o<br />

governo – queria ouvir as ―palpitações do operário‖ A<strong>de</strong>mais, também <strong>de</strong>monstrava<br />

preocupação a respeito <strong>de</strong> como esse formalismo e esse burocratismo po<strong>de</strong>riam esfriar a<br />

relação <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> com o povo. Apesar <strong>de</strong> existir um grupo vanguardista à frente do<br />

processo revolucionário, ninguém <strong>de</strong>veria aceitar nenhuma <strong>de</strong>terminação que não lhe<br />

estivesse plenamente clara, somente com o intuito <strong>de</strong> cumprir uma or<strong>de</strong>m ―às cegas‖ e <strong>de</strong><br />

maneira não-reflexiva.<br />

Assim, se <strong>de</strong>veria ter total consciência do sentido e do significado <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ato<br />

individual, com a alienação sendo combati<strong>da</strong> mediante o exercício <strong>da</strong> reflexão em todos os<br />

momentos <strong>da</strong> existência social. Dentre as recomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> Che ao povo, <strong>de</strong>stacam-se:<br />

―Colocar tudo o que não se compreen<strong>de</strong>; discutir e pedir esclarecimento <strong>da</strong>quilo que não é<br />

claro; <strong>de</strong>clarar guerra ao formalismo, a todos os tipos <strong>de</strong> formalismo.‖ (GUEVARA, 2004c,<br />

p.275)<br />

Não obstante a exaltação guevarista do papel <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> na direção <strong>da</strong> revolução,<br />

Che propugnava que os diversos coletivos populares e os órgãos subordinados ao po<strong>de</strong>r<br />

estatal tinham que ter mais iniciativa e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, não ficando o tempo inteiro aguar<strong>da</strong>ndo<br />

as <strong>de</strong>terminações do partido a serem cumpri<strong>da</strong>s. Dizia que era absur<strong>da</strong> a <strong>de</strong>pendência total <strong>da</strong><br />

massa ou <strong>da</strong> máquina burocrática a um organismo maior e que se <strong>de</strong>via começar a pensar com<br />

a própria cabeça, por mais que esses agrupamentos ou indivíduos não encontrassem naquele<br />

momento vias institucionais ou condições materiais totalmente favoráveis para fazê-lo.<br />

Ressaltava ain<strong>da</strong> a importância <strong>da</strong> interação dialética <strong>de</strong>sses organismos oficiais (ocupados<br />

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