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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s burguesas, organiza<strong>da</strong>s sempre abaixo e em torno <strong>da</strong> ditadura do capital e <strong>de</strong> suas<br />

infindáveis necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acumulação. Po<strong>de</strong>m ser adjetiva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>mocráticas aquelas<br />

relações à medi<strong>da</strong> que o trabalhador na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> cubana – pretensamente em transição rumo<br />

ao socialismo e ao comunismo – ao menos era consultado sobre uma planificação que<br />

participaria direta e objetivamente com o seu empenho e com a sua força <strong>de</strong> trabalho. Não<br />

obstante, reconhecemos aqui o fato irrefutável <strong>de</strong> que nem a concepção do plano nem a do<br />

produto estava a cargo <strong>da</strong> maioria do, ain<strong>da</strong>, proletariado 78 .<br />

A<strong>de</strong>mais, o outro benefício material direto trazido com a planificação seria uma bem<br />

orquestra<strong>da</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> economia do país, intimi<strong>da</strong>ndo eventuais ímpetos individualistas<br />

<strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtoras que porventura tentassem pautar a sua direção <strong>de</strong> acordo com o<br />

sistema <strong>de</strong> autogestão <strong>da</strong> fábrica (em voga na União Soviética <strong>de</strong> então). Esse sistema,<br />

acreditavam os signatários do Sistema Orçamentário <strong>de</strong> Financiamento, limitaria o alcance do<br />

planejamento estatal, haja vista que a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>cidir o que, como e<br />

quanto fabricar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do bem-estar coletivo e buscando somente um resultado<br />

positivo imediato, localizado e específico. Continuaria assim a alienação, o estranhamento e a<br />

produção <strong>de</strong>sregula<strong>da</strong> e <strong>de</strong>scontrola<strong>da</strong> (situação em que ca<strong>da</strong> um produz o que vai lhe gerar<br />

maiores lucros e benefícios materiais diretos). Este fato propiciaria um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>sigual e intermitente, entremeado por concentração <strong>de</strong> riqueza e miséria material e<br />

espiritual.<br />

Para Guevara, obstinado na busca <strong>da</strong> construção do homem novo – antes <strong>de</strong> qualquer<br />

coisa, consciente e portador <strong>de</strong> uma nova moral (comunista) –, a planificação, e seu apelo<br />

junto à população, po<strong>de</strong>ria contribuir para a formação <strong>de</strong> novas práticas entre a classe<br />

trabalhadora cubana, práticas estas ca<strong>da</strong> vez mais correspon<strong>de</strong>ntes com o espírito do novo<br />

tempo que se <strong>de</strong>scortinava na ilha caribenha. Isto se justifica pois a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento<br />

era um trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> consciência política<br />

concomitantemente. Afinal, conforme sempre afirmou Che Guevara, sem consciência – sem a<br />

ação consciente do homem na história – não po<strong>de</strong> haver comunismo. As contradições estavam<br />

78 ―Ain<strong>da</strong> proletariado‖ no sentido <strong>de</strong> que, mesmo com a irrupção <strong>de</strong> uma revolução auto-proclama<strong>da</strong> socialista,<br />

os cubanos não reconquistaram o infinito potencial criativo do ser humano emancipado, aquele ser cujo intelecto<br />

e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão livre possibilitam uma vi<strong>da</strong> realmente genérica e infindável em suas múltiplas<br />

manifestações <strong>de</strong> existência. Assim, os cubanos, em sua maioria, eram ain<strong>da</strong> ―apenas‖ proletários, não po<strong>de</strong>ndo<br />

realizar-se <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s inúmeras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s propicia<strong>da</strong>s pela imensa inteligência e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humanas –<br />

estavam presos e con<strong>de</strong>nados a uma vi<strong>da</strong> única e limita<strong>da</strong> por sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução social, que <strong>de</strong>termina<br />

e reduz a amplitu<strong>de</strong> e magnitu<strong>de</strong> humanas <strong>de</strong> todos que vivem sob o jugo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista.<br />

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