Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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construção, dos inimigos <strong>de</strong> classe, as marcas do passado, o imperialismo...<br />
(GUEVARA, 2004d, p. 264)<br />
É<strong>de</strong>r Sa<strong>de</strong>r afirma que Guevara, ao propugnar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> emergência <strong>de</strong> uma<br />
nova consciência, o fazia apenas contando com a força do exemplo <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong>, com o<br />
discurso moral e com a educação (<strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> escola). Isto é, não estimulava a criação <strong>de</strong><br />
comitês ou conselhos <strong>de</strong> trabalhadores ou <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos que participariam objetiva e<br />
diretamente <strong>da</strong> gestão e organização <strong>de</strong> sua fábrica ou comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Para Guevara o mais importante é a nova consciência que vai orientar o<br />
crescimento num sentido socialistas. [...] para isso [...], ele apela antes para a<br />
centralização estrita <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões, o exemplo <strong>de</strong> novas atitu<strong>de</strong>s e as<br />
discussões mais amplas. Mas sem apontar para uma organização <strong>da</strong><br />
produção que configure novas relações <strong>de</strong> produção, sem apontar para os<br />
organismos <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia socialista, voltamos a observar a mesma marca do<br />
voluntarismo revolucionário <strong>de</strong> seu pensamento. (SADER, 2004, p.49, grifos<br />
nossos)<br />
O próprio esquema econômico e político <strong>da</strong> Revolução Cubana torna clarivi<strong>de</strong>nte a<br />
não observância ain<strong>da</strong> – até por ser um período <strong>de</strong> transição que ocorre em condições<br />
objetivas muito difíceis – do advento do homem novo guevarista na ilha caribenha; isto é, as<br />
massas não coman<strong>da</strong>vam diretamente a produção e a vi<strong>da</strong> social, não tinham diretamente o<br />
<strong>de</strong>stino em suas mãos. O povo acatava, após exposição e subseqüente compreensão, algo<br />
planejado e pensado pela vanguar<strong>da</strong> revolucionária. Che sintetizou esse tipo <strong>de</strong> organização:<br />
À cabeça <strong>da</strong> imensa coluna está Fi<strong>de</strong>l [...], <strong>de</strong>pois estão os melhores quadros<br />
do partido e imediatamente <strong>de</strong>pois, tão perto que sua enorme força po<strong>de</strong> ser<br />
senti<strong>da</strong>, está o povo em seu conjunto; sóli<strong>da</strong> armação <strong>de</strong> individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
que caminham até um fim comum; indivíduos que chegaram à consciência<br />
do que é necessário fazer; homens que lutam para sair do reino <strong>da</strong><br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e entrar no <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. (GUEVARA, 2004d, p.267)<br />
Mesmo acreditando no papel fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> na condução e orientação do<br />
processo revolucionário, Guevara tinha claro que tal ação somente surtiria efeito caso<br />
representasse a vonta<strong>de</strong> e o pensamento do povo, base sem a qual qualquer transformação<br />
radical <strong>de</strong> talhe comunista tornar-se-ia inexeqüível. Isto posto, os dirigentes <strong>de</strong>veriam estar o<br />
mais próximo possível <strong>da</strong>s massas – sempre as escutando e tentando colocar em prática o que<br />
lhes foi solicitado <strong>de</strong>mocraticamente.<br />
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