Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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se sentir uma engrenagem que tem suas particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s próprias –<br />
necessário, embora não imprescindível para o processo <strong>de</strong> produção – e uma<br />
engrenagem consciente, uma engrenagem que tem seu próprio motor e que<br />
ca<strong>da</strong> vez o impulsiona para levar a termo uma <strong>da</strong>s premissas <strong>da</strong> construção<br />
do socialismo: ter uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo para<br />
oferecer à to<strong>da</strong> a população.<br />
Em uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> comunista <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira e completa emancipação do trabalho, o ser<br />
social po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>dicar menos tempo à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> reprodução social e na<strong>da</strong> mais o<br />
impelirá a ven<strong>de</strong>r – sob pena <strong>de</strong> inanição – a sua força <strong>de</strong> trabalho. Portando uma ética e uma<br />
cultura muito eleva<strong>da</strong>s, o homem consciente abarcará consciente e praticamente a<br />
humani<strong>da</strong><strong>de</strong> que pertence, i<strong>de</strong>ntificando-se com todos os membros que a compõem (não há<br />
mais divisões <strong>de</strong> classe, apreen<strong>de</strong> o seu ser gregário). Dedicar-se-á à produção por ter ciência<br />
do valor do trabalho e, por ser esta uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> em que vê sentido, que foi por ele<br />
concebi<strong>da</strong> (sendo então o resultado <strong>de</strong>la – o produto – uma emanação <strong>de</strong> si próprio), os<br />
homens buscarão praticá-la, pois lá se reconhecerão e verão o significado <strong>de</strong>la para o todo<br />
social.<br />
Ao passo que o trabalho voluntário é, como o próprio adjetivo sugere, algo que se<br />
possa optar ou não, vê-se na sua implementação a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira prática <strong>de</strong> um trabalho<br />
consciente e que sabe o seu significado e importância para o meio social em que está inserido.<br />
A sua execução reflete já um estágio mais avançado <strong>de</strong> consciência – mais distante do<br />
trabalho alienado que se pratica por compulsão fisiológica e mais próximo <strong>da</strong>quele trabalho<br />
livre <strong>de</strong> Marx (e do <strong>de</strong>ver social <strong>de</strong> Che) que se cumpre mediante escolha consciente. Assim,<br />
o trabalho voluntário<br />
Significa uma participação consciente dos trabalhadores na construção do<br />
socialismo. É, portanto, um trabalho não alienado, um trabalho livre, à<br />
medi<strong>da</strong> que é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente ―voluntário‖, quer dizer, produto <strong>de</strong> uma<br />
resolução interior <strong>de</strong> pressões exteriores do meio social. (LÖWY, 1999,<br />
p.97)<br />
Essa <strong>de</strong>finição guevarista concernente às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s voluntárias insere-se no conceito<br />
mais amplo <strong>de</strong> Che que versa sobre o trabalho e sua imprescindibili<strong>da</strong><strong>de</strong> para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qualquer socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em um discurso proferido em cerimônia <strong>de</strong><br />
premiação e homenagem aos técnicos e trabalhadores mais <strong>de</strong>stacados do ano <strong>de</strong> 1962, Che<br />
apontou o trabalho como o centro e principal fator criador riqueza e crescimento econômico