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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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configuração <strong>de</strong> um esquema estatal e <strong>de</strong> representação muito próximo ao mo<strong>de</strong>lo soviético,<br />

rechaçado em vários aspectos por Guevara.<br />

Apesar <strong>de</strong> não controlar objetivamente to<strong>da</strong> a produção e vi<strong>da</strong> social, o homem novo<br />

<strong>de</strong> Che se encontra em um estágio mais avançado do que o homem alienado e bestializado <strong>da</strong><br />

civilização capitalista, uma vez que já nutre um espírito coletivo e solidário em relação aos<br />

<strong>de</strong>mais membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>de</strong> saber qual é o sentido <strong>de</strong> sua produção e a forma que<br />

a mesma será apropria<strong>da</strong>. Che já alertava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios <strong>da</strong> Revolução, a respeito <strong>da</strong><br />

importância <strong>de</strong> se estimular a consciência gregária e o pensamento coletivista em todos os<br />

cubanos. Tinham que se sentir, <strong>de</strong> fato, parte <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> ser gregário. Conforme afirmou<br />

Guevara (1982i, p. 200): ―É importante assinalar que se vá criando no operário a idéia geral<br />

<strong>de</strong> cooperação entre todos, a idéia <strong>de</strong> pertencer a um gran<strong>de</strong> conjunto que é a população do<br />

país; impulsiona-se a consciência do <strong>de</strong>ver social.‖<br />

Não obstante o fato <strong>da</strong> alienação não ser somente nem fun<strong>da</strong>mentalmente uma<br />

categoria i<strong>de</strong>ológica, mas sim <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>da</strong> relação que caracteriza a produção social, o<br />

trabalho po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser adjetivado, nesse contexto e em certa medi<strong>da</strong>, como totalmente<br />

alienado – pois já há um significado claro no mesmo e porque o seu fruto não é mais tomado<br />

por um po<strong>de</strong>r estranho. O resultado <strong>de</strong> sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> consciente não lhe é retirado e continua<br />

ao trabalhador pertencendo à medi<strong>da</strong> que o seu trabalho é exercido com o objetivo <strong>de</strong><br />

aquisição social e coletiva. Por pertencer à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, tudo o que for produzido para consumo<br />

social (e coletivo), inclusive o seu próprio produto, lhe pertence.<br />

Com a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> consciência coletivista e findo o estranhamento – a partir <strong>da</strong><br />

extinção <strong>da</strong>s classes sociais e <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong> individual (não <strong>da</strong> estatal ain<strong>da</strong>) – o<br />

homem po<strong>de</strong>ria voltar a i<strong>de</strong>ntificar-se como um ser gregário membro <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

humana. A soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> seria, ain<strong>da</strong> na transição, estabeleci<strong>da</strong> e pratica<strong>da</strong> como o mais nobre<br />

valor, propiciando a universalização <strong>da</strong> empatia e do sentimento unitário entre todo o povo.<br />

Portanto, segundo Che, os habitantes <strong>de</strong> Cuba po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>senvolver, já nessa fase primeira <strong>da</strong><br />

Revolução, ―um gran<strong>de</strong> senso do <strong>de</strong>ver para com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que estamos construindo, com<br />

nossos semelhantes enquanto seres humanos e com todos os homens do mundo.‖<br />

(GUEVARA, 2004c, p.276)<br />

Os homens novos ain<strong>da</strong> não participam (<strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>terminante e <strong>de</strong>finidora) <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>cisão do que <strong>de</strong>ve ser produzido, além <strong>de</strong> permanecer a divisão entre a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cunho<br />

exclusivamente manual e a <strong>de</strong> cunho exclusivamente intelectual/administrativo, o que faz com<br />

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