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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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Des<strong>de</strong> o advento <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> organização e reprodução social basea<strong>da</strong>s na<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>, o homem vem buscando o reencontro com o seu ser gregário universal –<br />

ser que se sabe parte <strong>de</strong> um coletivo e que tem a exata noção do reflexo e <strong>da</strong> importância do<br />

seu trabalho para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que o cerca – justamente por ser a sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva<br />

uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> social e <strong>de</strong> cariz e apropriação comunitárias. A ruptura <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

espontânea e a subseqüente distinção entre proprietários <strong>de</strong> terra e não proprietários são<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s o primeiro momento <strong>de</strong> clivagem interna do ser social 20 . É neste que o fenômeno<br />

do estranhamento impõe-se e passa a gerar um ca<strong>da</strong> vez maior distanciamento dos seres<br />

humanos entre si e dos homens perante o meio-ambiente em que vivem. Segundo Kon<strong>de</strong>r<br />

(1965, p.45),<br />

Já não é mais razoável esperar que ca<strong>da</strong> indivíduo veja realmente no<br />

próximo um seu semelhante, isto é, um indivíduo potencialmente igual a ele,<br />

porque, com a diferenciação <strong>da</strong>s condições sociais e a pertinência a<br />

diferentes classes, a semelhança entre os indivíduos sofre um esvaziamento<br />

<strong>de</strong> sentido.<br />

Não obstante a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> consciência gregária pelo homem, advin<strong>da</strong> com o surgimento<br />

<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong>, esta passou a <strong>de</strong>terminar um novo modo <strong>de</strong> reprodução <strong>da</strong> espécie<br />

humana – <strong>da</strong>quele contexto histórico em diante alicerçado pela divisão social do trabalho. Tal<br />

divisão, se por um lado elevou a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva, possibilitando a criação <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes<br />

econômicos, por outro aprofundou o processo <strong>de</strong> não apreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo homem.<br />

Assim, o advento <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> particular e a especialização em uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> função<br />

social provocaram nos distintos trabalhadores a cristalização <strong>de</strong> uma perspectiva parcial<br />

inevitável. A<strong>de</strong>mais, o ato <strong>de</strong> produzir humano passou <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva social e coletiva<br />

para uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> talhe individualista – que busca somente a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do indivíduo tomado isola<strong>da</strong>mente.<br />

Conforme Marx, a divisão do trabalho tornou-se ―o pôr alienado, <strong>de</strong>sapossado, <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> genérica real ou como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem como ser<br />

genérico.‖ (1994, p.141, grifos do autor) 21 A divisão social do trabalho conflagrou-se, <strong>de</strong>sse<br />

modo, como limitativa e castradora no que concerne às possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s criadoras do intelecto<br />

20 ―A proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong> material, imediatamente sensível, é a expressão material sensível <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana<br />

aliena<strong>da</strong>‖ (MARX, 1994, p.93, grifos do autor)<br />

―A proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> priva<strong>da</strong> material, imediatamente sensível (sinnliche), é a expressão material-sensível <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

humana estranha<strong>da</strong>.‖ (MARX, 2004, p.106, grifos do autor)<br />

21 ―o assentar (Setzen) exteriorizado, estranhado, <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> genérica real ou<br />

enquanto ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem como ser genérico.‖ (MARX, 2004, p.149-50, grifos do autor)<br />

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