Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...
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O produto do trabalho, na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> produtora <strong>de</strong> mercadorias, tem uma existência<br />
exterior e autônoma em relação ao seu produtor. Por não ter concebido o produto nem ter<br />
arbitrado sobre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzi-lo ou não, o trabalhador jamais consegue<br />
i<strong>de</strong>ntificar-se com o resultado <strong>da</strong> sua própria ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, muito menos controlar a<br />
in<strong>de</strong>pendência adquiri<strong>da</strong> por esse objeto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua feitura até a sua expropriação. Todo o<br />
produto <strong>de</strong> seu esforço e labor lhe é tomado e alienado por um po<strong>de</strong>r estranho – que <strong>de</strong>tém a<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> produção sobre os quais emprega a sua força <strong>de</strong> trabalho – e que<br />
compõe a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> à sua revelia e sem a sua participação consciente. De acordo com Marx:<br />
Ain<strong>da</strong>:<br />
[...] com respeito ao operário, o qual se apropria <strong>da</strong> natureza pelo trabalho, a<br />
apropriação aparece como alienação, a auto-ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
um outro e como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um outro, a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> como sacrifício <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>,<br />
a produção do objeto como per<strong>da</strong> do objeto para um po<strong>de</strong>r estranho, para um<br />
homem estranho [...].(1994, p.73, grifos do autor) 35<br />
O po<strong>de</strong>r social, isto é, a força produtiva multiplica<strong>da</strong> que nasce <strong>da</strong><br />
cooperação <strong>de</strong> vários indivíduos exigi<strong>da</strong> pela divisão do trabalho, aparece a<br />
estes indivíduos [...] não como seu próprio po<strong>de</strong>r unificado, mas como uma<br />
força estranha situa<strong>da</strong> fora <strong>de</strong>les, cuja origem e cujo <strong>de</strong>stino ignoram, que<br />
não po<strong>de</strong>m mais dominar e que, pelo contrário, percorre agora uma série<br />
particular <strong>de</strong> fases e <strong>de</strong> estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do querer<br />
e do agir dos homens e que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, dirige este querer e agir. (MARX &<br />
ENGELS, 1987, p.49-50)<br />
Uma vez que o produto do seu trabalho não pertence ao operário – mas sim ao<br />
capitalista – o sentido <strong>da</strong> sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> também não, o que configura à mesma um caráter <strong>de</strong><br />
estranhamento e exteriori<strong>da</strong><strong>de</strong> e, por isso, antes o operário se nega do que se afirma na<br />
execução <strong>de</strong> suas tarefas. Tarefas essas que, consequentemente, só trarão infelici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
mortificação física do proletário e ruína <strong>de</strong> seu espírito. Nessa forma <strong>de</strong> organização social,<br />
cujo corolário é a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> particular, o homem torna-se vítima <strong>da</strong> sua própria ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> –<br />
que não é mais <strong>de</strong> auto-realização e sim <strong>de</strong> per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sua essência, à medi<strong>da</strong> que ele<br />
diversos homens – não carrega a essência dos mesmos e conseqüentemente não possibilita uma i<strong>de</strong>ntificação<br />
entre o binômio ativo sujeito-objeto.‖ (SILVA, <strong>Newton</strong> F., op. cit., p.26)<br />
35 ―[...] com respeito ao trabalhador que se apropria <strong>da</strong> natureza através do trabalho a apropriação aparece como<br />
estranhamento, a auto-ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> para um outro e como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um outro, a vitali<strong>da</strong><strong>de</strong> como<br />
sacrifício <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, a produção do objeto como per<strong>da</strong> do objeto para um po<strong>de</strong>r estranho, para um homem<br />
estranho...‖ (MARX, 2004, p.90, grifos do autor)<br />
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