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Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

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espírito potencialmente criativo. Nega-se em um trabalho sem alma e sem consciência alguma<br />

(não sabe como foi concebido, não <strong>de</strong>cidiu por fazê-lo e não sabe qual é o significado <strong>de</strong>le<br />

para essa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> tudo é feito à sua revelia e ao bel-prazer dos donos do capital) que<br />

oferece no mercado, como já afirmado, tão-somente para que se satisfaçam as suas<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fisiológicas mais primitivas. O reconhecimento <strong>de</strong> si mesmo através <strong>de</strong> qualquer<br />

obra justaposta na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva torna-se, nesse contexto, impraticável.<br />

Pelo fato do homem, no capitalismo, não <strong>de</strong>terminar o que, como e porque algo <strong>de</strong>ve<br />

ser produzido – e assim não ser sujeito <strong>da</strong> história que se constrói à sua frente e sem a sua<br />

participação consciente, ele acaba por adquirir a característica <strong>de</strong> uma simples engrenagem<br />

que produz energia para a gran<strong>de</strong> máquina capital continuar seu funcionamento e acumulação.<br />

A única variável que rege tal sistema é a lei do valor – e tudo estará subsumido a sua lógica e<br />

corolários, inclusive a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou não do trabalhador sobreviver.<br />

Nessa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o homem é dirigido por uma or<strong>de</strong>m fria que habitualmente<br />

escapa ao domínio <strong>de</strong> sua compreensão. O indivíduo alienado tem um<br />

cordão umbilical invisível que o liga à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> no seu conjunto: a lei do<br />

valor. Ela atua em todos os aspectos <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>, mo<strong>de</strong>la seu caminho e seu<br />

<strong>de</strong>stino. (GUEVARA, 2004d, p.251)<br />

Che queria que o trabalho <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser uma mercadoria já na nova socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

construção e preocupava-se profun<strong>da</strong>mente em propiciar um ―renascimento‖ em sua<br />

conotação – acompanhando, harmônica e logicamente – a ascensão do homem novo. Tal<br />

objetivo passava pela questão em que o trabalho se transformasse <strong>de</strong> obrigação penosa (ao<br />

praticá-lo o operário não se reconhece em sua obra e é impelido, sob risco <strong>de</strong> morte, a<br />

executá-la) para uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> livre e voluntária a que o trabalhador se dispõe por saber o seu<br />

significado e relevância para o meio social do qual ele, conscientemente, faz parte.<br />

Isto posto, o trabalho, por ser livre, tornar-se-ia uma emanação do ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro espírito<br />

criador humano, não mais tolhido pela alienação do produto em si e pela alienação <strong>da</strong><br />

concepção <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O indivíduo se reconheceria (se objetivaria, se materializaria) na sua<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e no produto <strong>de</strong>la, passando a viver em um mundo totalmente concebido e<br />

i<strong>de</strong>ntificado por ele. Finalmente, intuir-se-ia numa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> cria<strong>da</strong> por ele – lá estaria o<br />

resultado <strong>de</strong> sua alma criativa e <strong>de</strong> seus braços executores. ―Uma característica essencial do<br />

trabalho liberado é o fato <strong>de</strong> que ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um meio para assegurar a mera<br />

sobrevivência, para tornar-se a própria expressão <strong>da</strong> vivência, a contribuição pessoal pela qual<br />

o indivíduo se exprime e se reconhece enquanto tal.‖ (SADER, 2004, p.40)<br />

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