17.04.2013 Views

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

Newton Ferreira da Silva MARÍLIA 2011 - Faculdade de Filosofia e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com a sua preocupação <strong>de</strong> não transplantar os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> organização política burguesa<br />

para aquela experiência socialista. Não obstante esse auto-reconhecido limite teórico do<br />

revolucionário cubano, ele <strong>de</strong>lineia e expõe a imprescindibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> instituições<br />

revolucionárias que, forma<strong>da</strong>s pela vanguar<strong>da</strong>, conduziriam o processo <strong>de</strong> transformação<br />

social em Cuba. A vanguar<strong>da</strong> seria seleciona<strong>da</strong> entre os próprios trabalhadores e essa<br />

instituição teria, <strong>de</strong>ntre outras funções, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> premiar os a<strong>de</strong>ptos mais<br />

conscientes <strong>da</strong> Revolução e punir os que tentassem sabotá-la. Parece, <strong>de</strong> fato, que Che ain<strong>da</strong><br />

não possui a ―fórmula‖ <strong>de</strong>ssas instituições revolucionárias – queria evitar no terreno político,<br />

assim como também sempre rechaçou no econômico, qualquer categoria <strong>da</strong> ―<strong>de</strong>mocracia‖<br />

burguesa na institucionalização <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia socialista. De acordo com Che:<br />

Essa institucionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> revolução ain<strong>da</strong> não foi alcança<strong>da</strong>. Buscamos algo<br />

novo que permita a perfeita i<strong>de</strong>ntificação entre o governo e a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em seu conjunto, ajusta<strong>da</strong> às condições peculiares à construção do<br />

socialismo e fugindo ao máximo dos lugares comuns <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia<br />

burguesa, transplantados para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em transformação... (GUEVARA,<br />

2004d, p. 257)<br />

Guevara afirmava não haver pressa em construir e estabelecer essa institucionalização<br />

socialista, pois temia que ela provocasse, através <strong>da</strong> formali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> burocracia, uma<br />

diminuição do contato <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> com o povo. Per<strong>de</strong>ndo-se em um excesso <strong>de</strong><br />

burocratismo, a Revolução po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>sviar-se <strong>de</strong> seu objetivo principal (a emancipação<br />

humana) ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> enxergá-lo no horizonte, perdi<strong>da</strong> que estaria com as tarefas <strong>da</strong> nova<br />

legali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Guevara (2004d, p. 257) <strong>de</strong>finiu: ― O freio maior que encontramos foi o medo <strong>de</strong><br />

que qualquer aspecto formal nos separe <strong>da</strong>s massas e do indivíduo, nos faça per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a<br />

última e mais importante ambição revolucionária, que é a <strong>de</strong> ver o homem libertado <strong>de</strong> sua<br />

alienação.‖<br />

Portanto, Che estava disposto a estimular a criação <strong>de</strong> instituições revolucionárias,<br />

to<strong>da</strong>via ain<strong>da</strong> sem conhecer a sua forma e aspecto – tão-somente imaginava o papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

relevo que, ao menos inicialmente, teria a vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong> revolução nestas. A vanguar<strong>da</strong><br />

coman<strong>da</strong>ria o início do processo revolucionário, <strong>de</strong>pois seriam os trabalhadores – talvez a<br />

partir <strong>da</strong> sua própria uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção, como abaixo especula e teoriza Che – que<br />

<strong>de</strong>finiriam conscientemente os rumos do trabalho, <strong>da</strong> produção e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos consi<strong>de</strong>rar que o centro <strong>de</strong> trabalho fosse a base do núcleo<br />

político <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> futura, cujas indicações, passando para organismos<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!