A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid
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na matemática po<strong>de</strong>mos resolver as mesmas questões por métodos diferentes, ela<br />
sabia o que o livro ensinava mas queria saber se eu po<strong>de</strong>ria explicar o meu pra ela.<br />
No momento fiquei com medo e senti que estava sendo <strong>de</strong>smascarado, mas <strong>de</strong>pois<br />
confiei nas palavras da professora que havia confiado no meu trabalho. Retirei a<br />
folha <strong>de</strong> exercícios da pasta e coloquei sobre a carteira, estavam lá, todos os<br />
exercícios corretos, não havia rasuras, nem um enorme “x” em vermelho em cima <strong>de</strong><br />
cada exercício. Comecei a explicar, da mesma forma, <strong>como</strong> os números foram parar<br />
ali, uma verda<strong>de</strong>ira bagunça <strong>de</strong> informações com o objetivo <strong>de</strong> confundir. E a<br />
professora Vera não se in<strong>como</strong>dou e <strong>de</strong>ixou eu falar o quanto eu quis, ela me<br />
escutou pacientemente <strong>de</strong>monstrando muita atenção, até eu concluir o meu<br />
“raciocínio”.<br />
Ela olhou bem nos meus olhos e me disse que não tinha entendido, eu achei<br />
que naquele momento eu seria revelado um trapaceiro e sofreria as piores<br />
consequências que um aluno po<strong>de</strong>ria sofrer, mas não foi assim, a professora Vera<br />
disse que o jeito que ela tinha aprendido ela achava mais fácil e era justamente o<br />
mesmo do livro, e ela foi explicando e conduzindo em uma aula particular o ensino<br />
daqueles cálculos que eu, até então, não havia aprendido, e foi naqueles trinta<br />
minutos que eu aprendi o que não havia entendido em semanas.<br />
Na época, senti que a professora Vera era uma professora muito especial,<br />
que não me castigou, não me reprovou, me protegeu do castigo, consi<strong>de</strong>rou os<br />
meus exercícios certos e, por fim, eu ainda acabei por apren<strong>de</strong>r os exercícios e não<br />
precisei mais <strong>de</strong> “consultar” as páginas <strong>de</strong> respostas do livro para po<strong>de</strong>r resolvê-los.<br />
Hoje, <strong>como</strong> educador, percebo o que na época não pu<strong>de</strong> perceber, a<br />
professora havia, sim, notado que eu tinha inventado uma resolução dos exercícios<br />
e que, provavelmente, eu tinha aproveitado as respostas no final do livro. Entretanto,<br />
ela não tinha, <strong>como</strong> objetivo, revelar o que eu tinha feito, provavelmente, não<br />
acreditava que isso me faria enten<strong>de</strong>r a matemática, ela aproveitou o fato para<br />
<strong>de</strong>monstrar confiança, o que, consequentemente, suscitou a minha confiança. Isso<br />
foi fundamental para abrir caminho para uma nova chance <strong>de</strong> ensino e<br />
aprendizagem que, <strong>de</strong>ssa vez, transformou-se em um sucesso.<br />
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