A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid
A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid
A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Neste contexto, a agressivida<strong>de</strong> parece ser um sinal <strong>de</strong> que o tratamento<br />
dispensado a estas crianças e adolescentes, quer pela escola quer pelos<br />
colegas da parte mais nobre do bairro, não é bom, sendo este conflito um<br />
sinal <strong>de</strong> <strong>como</strong> se dá o relacionamento na escola. As crianças são bem<br />
tratadas, respeitadas, integradas ou estigmatizadas, rejeitadas,<br />
discriminadas. As conversas com crianças e adolescentes têm revelado que<br />
a agressivida<strong>de</strong> aparente escon<strong>de</strong> um complexo <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> crônico,<br />
sendo o enfrentamento uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa. Este complexo <strong>de</strong><br />
inferiorida<strong>de</strong> fica evi<strong>de</strong>nte quando olhamos as fichas <strong>de</strong> matrícula do<br />
pessoal do Vera Cruz. Quase todos dão o en<strong>de</strong>reço da Rua Leonice Alves<br />
Rodrigues. Geralmente, não colocam o en<strong>de</strong>reço correto com vergonha <strong>de</strong><br />
dizer que são da favela, o que dificulta o encontro das crianças que<br />
<strong>de</strong>saparecem da escola. (ALMEIDA, 2003: p.108).<br />
A questão acima <strong>de</strong>scrita revela os reflexos do estigma que sofrem os<br />
moradores jovens da comunida<strong>de</strong> em questão, os jovens buscam eventos <strong>de</strong><br />
<strong>inclusão</strong> <strong>como</strong> é o caso <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudo em escolas do bairro, esses eventos<br />
têm o objetivo <strong>de</strong> oferecer chance <strong>de</strong> estudo e promover a <strong>inclusão</strong>. O que ocorre<br />
com a chance <strong>de</strong> estudo que alguns jovens recebem, se torna o início <strong>de</strong> um<br />
processo <strong>de</strong> preparo para o <strong>de</strong>senvolvimento pessoal seguido da mudança para<br />
outro local já <strong>de</strong>senvolvido, segundo Dowbor:<br />
De certa forma, o cidadão que vive num bairro que não lhe agrada pensa<br />
em mudar <strong>de</strong> bairro, ou <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, mas não pensa muito na possibilida<strong>de</strong> e<br />
direito <strong>de</strong> intervir no espaço em que vive, <strong>de</strong> participar da criação <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para si e para sua família. (DOWBOR, 2008: p.30).<br />
A questão da <strong>inclusão</strong> na prática é um panorama subjetivo a cada indivíduo,<br />
uma vez que os relacionamentos com outros jovens do mesmo bairro, com classes<br />
sociais muito distintas não se <strong>de</strong>senvolvem além dos limites da escola. Dessa<br />
maneira, a sociabilida<strong>de</strong> entre os jovens moradores da comunida<strong>de</strong> em questão,<br />
sofre com a falta <strong>de</strong> organização, mesmo que haja os eventos promotores <strong>de</strong><br />
<strong>inclusão</strong>, os recursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da imagem é o resultado da exclusão por<br />
diferenciações sociais <strong>como</strong> <strong>de</strong>screve Sawaya (2010):<br />
Fica claro que um “vazio social” ganhou toda a periferia e que não existe<br />
nenhum sinal <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> organizada nos bairros populares. Ao nos<br />
reportarmos à <strong>de</strong>scrições dos sociólogos e etnólogos dos anos 50 e 60,<br />
constatamos que a intensida<strong>de</strong> das relações sociais nesses bairros diminuiu<br />
83