A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid
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Quando se fala em incluir, é preciso saber <strong>de</strong> que a pessoa esta falando e<br />
que lugar ela ocupa no processo. Muitos educadores se proclamam<br />
favoráveis a <strong>inclusão</strong> quando aquele que necessita ser incluído esta longe,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ação <strong>de</strong> outro. Quando o que precisa ser incluído esta ao lado,<br />
os problemas começam: falta formação especifica, falta especialista na<br />
escola, falta apoio do sistema e assim por diante. De fato há necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tudo isso, porém, a obsessão pela falta aparece <strong>como</strong> um argumento<br />
contra a <strong>inclusão</strong>. (ALMEIDA, 2005: p.62).<br />
Os estudantes aos quais me refiro são os que se encontram em situação <strong>de</strong><br />
vulnerabilida<strong>de</strong> social <strong>como</strong> aqueles que moram em favelas, <strong>de</strong> famílias pobres e,<br />
em sua gran<strong>de</strong> maioria, <strong>de</strong> origem nor<strong>de</strong>stina. Esses estudantes não possuem as<br />
características que gran<strong>de</strong> parte dos professores reconhece <strong>como</strong> i<strong>de</strong>ais para o<br />
aprendizado. São crianças que, nem sempre, percebem o valor social da leitura e da<br />
escrita ou, embora o percebam, são obrigadas a colocar acima <strong>de</strong>stes valores as<br />
estratégias <strong>de</strong> sobrevivência no meio on<strong>de</strong> vivem. O discurso que coloca a escola<br />
<strong>como</strong> fator <strong>de</strong> ascensão social, hoje, tem recebido a<strong>de</strong>são pequena, na medida em<br />
que propõe, para todos, uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equalização social que, quando bem<br />
sucedida contempla apenas alguns. Para enten<strong>de</strong>r essa situação vale atentar para o<br />
que afirma Dowbor (2010):<br />
Discutir <strong>educação</strong> sem levar em conta o problema <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é<br />
esquecer o fator principal. Educação tem que ser um elemento <strong>de</strong><br />
rearticulação da socieda<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> reprodução da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. Veja, por<br />
exemplo, que as boas famílias mandam os filhos para a USP que é gratuita,<br />
e a gente mais pobre, que não consegue, tem que pagar universida<strong>de</strong><br />
privada; então esse é o referencial para o qual a gente tem <strong>de</strong> estar atento.<br />
Trata-se, portanto, <strong>de</strong> assegurar que a <strong>educação</strong> seja um <strong>instrumento</strong><br />
efetivo <strong>de</strong> <strong>inclusão</strong> social. A idéia do trampolim, <strong>de</strong> ver a <strong>educação</strong> no<br />
sentido <strong>de</strong> você encontrar espaço mais no topo da pirâmi<strong>de</strong> social passa<br />
justamente por essa polarização entre ricos e pobres que temos. E a idéia,<br />
ao invés <strong>de</strong> trampolim, <strong>de</strong>ve ser a <strong>de</strong> somar a <strong>educação</strong> a um vetor <strong>de</strong><br />
promoção do conjunto da comunida<strong>de</strong>. A idéia <strong>de</strong> que individualmente um<br />
ou outro pobre conseguirá, digamos, vencer na vida, <strong>como</strong> se diz, não se<br />
trata <strong>de</strong> vencer na vida e ninguém vencer ninguém, trata-se <strong>de</strong> promover<br />
um <strong>de</strong>senvolvimento equilibrado, inteligente, <strong>de</strong>cente, uma relação humana,<br />
uma relação digna. A escola po<strong>de</strong> ser um construtor <strong>de</strong>ste processo, <strong>de</strong>sta<br />
dinâmica. Esse é o eixo, e tudo isso passa por um conjunto <strong>de</strong><br />
reformulações. (ALMEIDA; NHOQUE, apud DOWBOR, 2010: p.2).<br />
Essa escola que se estrutura com base na i<strong>de</strong>ia, segundo a qual o sucesso<br />
é resultado em uma disputa que precisamos vencer, foi construída social e<br />
historicamente. Até o inicio da república, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> letramento eram<br />
<strong>de</strong>senvolvidas por conta dos mestres-escola que estavam ligados diretamente com a<br />
comunida<strong>de</strong> e, por autonomia <strong>de</strong>sses, era <strong>de</strong>cidido o melhor recurso e método<br />
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