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A educação contextualizada como instrumento de inclusão ... - Unicid

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Quando se fala que a escola é da comunida<strong>de</strong>, é necessário evitar a<br />

confusão entre a escola <strong>como</strong> patrimônio público, cujo serviço se <strong>de</strong>stina a<br />

todos que necessitam e a escola <strong>como</strong> “espaço privatizado” por pessoas ou<br />

instituições que se auto<strong>de</strong>terminam representantes <strong>de</strong>stes e, quando não,<br />

seus substitutos. A escola não é patrimônio privado <strong>de</strong> uma pessoa, <strong>de</strong> um<br />

grupo ou <strong>de</strong> uma instituição, por mais representativos que se digam ou que<br />

efetivamente sejam. Ela é sempre um lugar <strong>de</strong> todos, sobretudo daqueles<br />

que as adversida<strong>de</strong>s acabaram por <strong>de</strong>ixar sem voz, os excluídos. É<br />

diferente a escola ser um espaço público, cujo serviço é <strong>de</strong>mocratizado, e<br />

um espaço <strong>de</strong> que alguns se apossam <strong>como</strong> se fosse privado, até mesmo<br />

consi<strong>de</strong>rando o servidor público <strong>como</strong> se fosse seu empregado particular.<br />

(ALMEIDA, 2005: p.56).<br />

Nas ativida<strong>de</strong>s do cotidiano do Projeto Alavanca Brasil, convive-se com<br />

resultados práticos, quanto à contextualização da escola em promover o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento local. Nas semanas que antece<strong>de</strong>m as eleições é comum que os<br />

partidos busquem nas favelas mão <strong>de</strong> obra para panfletagem nos semáforos e nos<br />

calçadões; isso não é diferente na comunida<strong>de</strong> São Remo: presenciou-se na época<br />

das eleições para governador <strong>de</strong> estado, em 2008, uma evasão dos funcionários, o<br />

telefone do Projeto Alavanca Brasil estava constantemente recebendo ligações à<br />

procura dos funcionários, os mesmos conversavam em tom baixinho ao telefone ou<br />

eram muito breves na ligação. Na sequência, pediam para sair um instante alegando<br />

a busca da solução <strong>de</strong> um problema pessoal, nos dias seguintes, não vinham<br />

trabalhar e, quando retornavam, alegavam problemas pessoais. Todos os outros que<br />

ficavam, além dos alunos sabiam que aqueles funcionários trabalhavam nos<br />

semáforos da região com panfletagens, em troca <strong>de</strong> um “bom dinheiro” <strong>como</strong> diziam,<br />

a prática nunca foi repreendida por ninguém no Projeto Alavanca Brasil.<br />

Nas eleições para presi<strong>de</strong>nte da república em 2010, notou-se uma gran<strong>de</strong><br />

mudança nos hábitos dos mesmos funcionários, com a proximida<strong>de</strong> do período das<br />

eleições, as ligações começaram a acontecer, <strong>como</strong> <strong>de</strong> costume, ninguém se<br />

manifestou sobre as <strong>de</strong>cisões pessoais do funcionário, mas <strong>de</strong>ssa vez, notou-se que<br />

falavam no telefone com expressões negativas, seguidas <strong>de</strong> um sussurro “não vai<br />

dar, eu estou trabalhando”. O que acontecia fora confirmado nas conversas com os<br />

outros funcionários: as pessoas que fazem parte do Projeto Alavanca Brasil <strong>de</strong>ssa<br />

vez recusaram as propostas <strong>de</strong> trabalho temporário. Continuamos <strong>de</strong>ixando as<br />

pessoas à vonta<strong>de</strong> para <strong>de</strong>cidir on<strong>de</strong> e <strong>como</strong> querem trabalhar.<br />

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