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Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso ...

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Manuel <strong>de</strong> Almeida Peixoto queria sair do Brasil, não via <strong>mais</strong> serventia em sua<br />

permanência no serviço régio, o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos estava <strong>de</strong> todas as formas obstruindo a sua vida,<br />

seja confiscando seus rendimentos, seja espalhando o boato <strong>de</strong> que ele era [...] doudo e temerário.<br />

Des<strong>de</strong> o dia 06 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1665 este Desembargador estava homiziado no Convento do Carmo,<br />

sem pu<strong>de</strong>r ir à Relação para votar e com seus salários retidos. O abandono <strong>de</strong> sua casa e refúgio<br />

num convento justificava-se por ver a sua vida em risco:<br />

113<br />

[...] on<strong>de</strong> se mandou atirar a espingarda hua noite ao recolherme. E por não tomar fogo<br />

escapar, segundo o avizo que se me <strong>de</strong>u, para me recolher <strong>de</strong> dia e fechar as portas antes<br />

das Ave Marias, por andarem muitos homens as <strong>mais</strong> das noites na Rua, e canto <strong>de</strong> minha<br />

caza com arcos, frechas, espingardas e vacamartes para me matar, assi fora, como<br />

chegado a minhas janellas. 330<br />

Por fim, o Desembargador Manuel <strong>de</strong> Almeida Peixoto rememorou o custo que o zelo<br />

administrativo que sempre <strong>de</strong>monstrou ao longo da sua carreira <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços régios em<br />

Portugal traziam à sua liberda<strong>de</strong> e à sua vida econômica:<br />

[...] por experiência Senhor se sabem e reconhecem minhas acções e serviços sempre fui<br />

molestado, estive nas enxovias do Limoeiro 16 meses por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a jurisdição <strong>de</strong> VMg<strong>de</strong>.<br />

e sua Real Fazenda, fui privado da Correição <strong>de</strong> Leiria sem ser ouvido nem convencido,<br />

por cobrar as décimas e fazer cavallos para a guerra, obe<strong>de</strong>cendo a VMg<strong>de</strong>. e não ao<br />

apetite do Secretario do Estado Pedro Vieira da Silva. 331<br />

Outro documento aponta que logo no primeiro ano <strong>de</strong> sua gestão, o segundo vice-rei do<br />

Brasil negou a Álvaro <strong>de</strong> Azevedo o disputado posto <strong>de</strong> Mestre <strong>de</strong> Campo do Terço Velho da Bahia.<br />

Em sua carta dirigida a D. Afonso VI, Álvaro relembrava que após a negação <strong>de</strong>ste cargo, ele<br />

mesmo foi à presença do Soberano <strong>de</strong> Portugal e retornou à Bahia com or<strong>de</strong>ns régias que<br />

ratificavam sua provisão no cargo. Porém, segundo seu relato, feito no ano <strong>de</strong> 1666, <strong>de</strong>nunciava que<br />

Óbidos o [...] <strong>de</strong>scompôs em uma rua pública, diante do General da frota Jorge Furtado <strong>de</strong><br />

Mendonça, dizendo que eu fui me queixar a Vossa Majesta<strong>de</strong> e o <strong>mais</strong> que sua paixão lhe ditou. 332<br />

O Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos era a<strong>de</strong>pto das práticas <strong>de</strong> silenciamento das pessoas que manifestavam<br />

oposição ao seu modo <strong>de</strong> governar, ele enviava seus <strong>de</strong>safetos para locais distantes e assim os<br />

mantinha longe o tempo suficiente para não causar problemas. Este foi o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> Álvaro <strong>de</strong><br />

Azevedo: em 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1666 o militar escrevia para o Rei <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma prisão na fortaleza do<br />

Morro <strong>de</strong> São Paulo, local distante doze léguas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador.<br />

Álvaro foi um antigo comerciante <strong>de</strong> Pau Brasil, também era proprietário <strong>de</strong> terras da Bahia<br />

e no tempo do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbidos assumia uma função militar <strong>de</strong> alta patente, por isso, lamentava os<br />

vexames que passava: [...] além da pouca estimação que <strong>de</strong> mim fez (o Con<strong>de</strong>), me vituperou em<br />

tudo que quis e finalmente me mandou preso e <strong>de</strong>sterrado para o Morro sem saber o porquê nem<br />

330 i<strong>de</strong>m<br />

331 i<strong>de</strong>m<br />

332 AHU, LF, BA Cx. 19, Doc. 2161, 27/11/1666

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